Ensino integral

Governo federal quer estruturar Política Nacional de Cultura para Educação

Pesquisa encomendada pelo órgão aponta que há a necessidade de investir no intercâmbio entre as áreas e que cursos de pedagogia precisam se aproximar da arte

Tânia Rêgo/ABr

MinC vai mapear ações que interliguem educação e cultura na educação infantil

São Paulo – O Ministério da Cultura prevê construir uma Política Nacional de Cultura para Educação, que aponte diretrizes para interligar programas e equipamentos culturais com escolas, ainda sem data prevista. A ideia é articular as ações já implantadas pelo governo federal e por governo estaduais e municipais com as instituições de ensino, além de criar novas estratégias na área.

O ministério planeja realizar, já no ano que vem, um mapeamento de ações que interliguem educação e cultura na educação infantil e levantar experiências na área durante a formação de docentes, segundo a assessoria de comunicação do órgão.

Para subsidiar as diretrizes da polícia nacional, o Ministério encomendou uma pesquisa, chamada “Plano Articulado para Cultura e Educação”, divulgada na última semana, que analisou as demandas da sociedade civil de ações que aproximem cultura e educação, com enfoque no diálogo entre escolas e os equipamentos culturais do entorno.

Foram ouvidos 1.664 profissionais – entre professores, estudantes, coordenadores de museus, bibliotecários e colaboradores de organizações não governamentais – de 165 municípios dos 26 estados, que se reuniram nos municípios de Porto Velho (RO), Recife (PE), Campo Grande (MS), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre.

O levantamento apontou que existe pouco diálogo entre o que é ensinado nas aulas e os saberes do cotidiano, que há a necessidade de investir mais no intercâmbio entre as áreas e que os cursos de pedagogia precisam se aproximar mais dos estudos sobre cultura. Além disso, a pesquisa mostra que os professores, em geral, entendem cultura apenas como a acadêmica, que eles tem dificuldade no diálogo com outros equipamentos educativos e que os espaços de cultura precisam de apoio técnico e financeiro para se integrarem ao sistema educacional.

“A ideia do governo de implantar educação integral é pensar em educação comunitária, de forma que a escola possa se articular com outras instituições”, afirmou a responsável pela pesquisa, Sueli Lima, coordenadora da organização não governamental Casa da Arte Educação. “É um esforço para pensar um sistema de educação e não um sistema escolar, porque a educação vai muito além da escola.”

Segundo ela, a interligação entre as duas áreas permite que os alunos se aproximem das práticas tradicionais das comunidades onde estão as instituições de ensino e dão mais sentido ao currículo escolar. “Muitos pensam que a escola é simplesmente um local de ensinar a ler e a fazer contas, mas ela tem o objetivo de criar um sujeito crítico, capaz de atuar no mundo para mudá-lo.”

O Ministério da Cultura informou que já implanta dois programas que podem ser aproveitados na política nacional. Um dele é o Mais Cultura nas Escolas, lançado em maio de 2013, em Parceira com o Ministério da Educação. Com ele, 5 mil escolas serão selecionadas deverão elaborar, já no ano que vem, seus Planos de Atividades Culturais, que irão propor estratégias para aproximar a escola de artistas, mestres das culturas populares, museus e bibliotecas.

Além disso, o Ministério da Cultura disponibiliza, em plataforma livre, o portal Cultura Educa, que permite mapear e georreferenciar escolas e equipamentos culturais, de saúde e de assistência social em todos os municípios do país. A ideia é que ele seja aprimorado para possibilitar registros e trocas de experiências. Atualmente, 34 mil escolas e equipamentos culturais no seu entorno estão cadastradas.