Economista defende ações afirmativas para combater desigualdade de acesso à educação

Pesquisas do Ipea apontam desafios no Brasil. Negros, nordestinos e pobres têm menos acesso à escolarização

Brasília – Na primeira Conferência do Desenvolvimento (Code), promovida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), são divulgadas pesquisas e trabalhos de técnicos sobre diversos temas, com destaque para a educação. Um dos estudos destaca a evolução da área do período de 1992 a 2009, revelando que ainda mantém-se uma ampla desigualdade no acesso à escolarização.

A média de anos de estudo na população com 15 anos ou mais de idade é de 7,5, abaixo do mínimo de oito anos previsto na Constituição Federal. “Teremos de adotar um conjunto de intervenções nas esferas federal, estadual e municipal para tentar diminuir essas desigualdades regionais”, disse o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão de Castro. “Também é preciso combater as desigualdades de raça e cor com políticas afirmativas e promover crescimento de renda”, defendeu

O estudo traça um quadro detalhado da atual situação da escolarização da população brasileira com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE).

O analfabetismo no Brasil na população de 15 anos ou mais ainda é considerado muito alto: 9,7% – situação bem pior que a de países desenvolvidos e de outros países da América do Sul, como Equador, Chile e Argentina. Também aponta como expressivas as diferenças encontradas entre a população urbana e rural (4,4% contra 22,8%), branca e negra (5,9% contra 13,4%), e das regiões Sul e Nordeste (5,5% contra 18,7%).

Quando comparados os 20% mais ricos da população e os 20% mais pobres, a disparidade também chama a atenção: 2% contra 18,1%. Quanto à idade, a faixa acima de 40 anos registra o maior percentual: 16,5% de pessoas que não sabem ler e escrever.