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Ex-presidente da Coaf e ‘pivô da máfia’ se recusa a depor na CPI da Merenda

Cássio Chebabi era um dos depoimentos mais esperados pela comissão, por ter sido delator na Operação Alba Branca

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Cássio Chebabi saiu escoltado pela Polícia Militar e sob vaias dos estudantes. ‘Se ele está em silêncio, tem algo a temer’

São Paulo – O ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), Cássio Chebabi, se recusou a depor na CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo ontem (24). Chebabi era um dos depoimentos mais esperados pela comissão, por ter sido delator na Operação Alba Branca, que apura o pagamento de propina da cooperativa em troca de contratos superfaturados de merenda escolar.

Após ser preso em janeiro deste ano, Chebabi apontou, em depoimento ao Ministério Público, o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB) e o ex-secretário estadual de Transportes Duarte Nogueira, como beneficiários da propina paga pela Coaf. O advogado de Chebabi, Ralph Tortima, justificou o silêncio, dizendo que seu cliente não poderia falar sobre o caso porque tem um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual.

O silêncio de Chebabi revoltou os deputados. Ele saiu sob vaias dos estudantes e escoltado pela Polícia Militar. Em entrevista à repórter Anelize Moreira, da Rádio Brasil Atual,o presidente da União Paulistas dos Estudantes (Upes), Emerson Santos, afirmou que a postura demonstra um desrespeito com as investigações. “Foi muito frustrante. Se ele está se silenciando é por que tem algo a temer.”

Nilson Fernandes, atual presidente da Coaf, também depôs nesta quarta-feira. De acordo com o deputado Alencar Santana Braga (PT), integrante da CPI, Fernandes contribuiu com a quebra de sigilo bancário da cooperativa, além de confirmar que os agricultores familiares foram vítimas do esquema de corrupção. “Ele disponibilizou o sigilo bancário, fiscal e telefônico da Coaf e do pessoal para a CPI ter acesso. Isso é fundamental porque, na semana passada, um de seus membros disse que após o Estado pagar, a comissão era distribuída. Então, ter acesso ao sigilo bancário ajuda nesses dados.”

Segundo Alencar, há uma pressão do governo estadual sobre as testemunhas para confirmar a tese de que apenas a Coaf foi corrupta. “O governo Alckmin está tentando criminalizar a Coaf, como se ela fosse a única culpada. Os membros da cooperativa são culpados, mas em depoimentos anteriores está claro que, sem a intervenção de agentes públicos, essas irregularidades não aconteceriam. O governo quer ser a vítima, a estratégia do Alckmin é dizer que seu governo nunca é culpado. O Nilson disse que havia uma combinação de orçamentos para se ganhar o processo licitatório, então, se havia prévia, havia participação de agente público.”

Também ontem a CPI aprovou um requerimento para fazer diligências para que os deputados da comissão possam ir até Bebedouro, interior de São Paulo, para ter acesso a mais informações e colher novos depoimentos.

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