reorganização

Apeoesp denuncia que policial militar atirou contra escola ocupada na madrugada de hoje

Militantes contra reorganização afirmam que “provocadores” têm chegado às escolas para criar confusão e justificar entrada da PM. Alunos da zona norte foram agredidos com bombas de gás

reprodução/omaleducado

Hoje, um grupo de pelo menos 70 estudantes da zona norte da capital fechou a Marginal Tietê na altura da Ponte do Piqueri

São Paulo – O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) denunciou que um policial militar disparou tiros contra a escola estadual Joaquim Adolfo, localizada em Interlagos, na zona sul da capital, durante a ocupação do prédio, que ocorreu na madrugada de hoje (1º), em resposta ao projeto de “reorganização” da educação paulista, que prevê fechar pelo menos 93 instituições de ensino e transferir compulsoriamente 311 mil alunos. Membros do Conselho Tutelar e representantes da Defensoria Pública foram avisados.

“Era de madrugada e os estudantes estavam ocupando a escola. Nós acompanhávamos dando apoio. A polícia chegou da maneira mais agressiva possível e um dos oficiais deu um disparo contra a ocupação”, diz o diretor da Apeoesp Pedro Paulo Vieira de Carvalho. Apesar do ataque, a ocupação continua. “Isso é culpa do governo de Geraldo Alckmin, que na reunião de domingo (com diretores de ensino) incitou a violência.”

Na manhã de domingo, pelo menos 40 dirigentes de ensino do estado se reuniram com o chefe de gabinete do secretário de Educação, Herman Voorwald, Fernando Padula Novaes, e receberam instruções de como quebrar a resistência de alunos, professores e funcionários. Novaes repetiu inúmeras vezes que se trata de “uma guerra”, que merece como resposta “ações de guerra” e que “vai brigar até o fim”. O áudio foi publicado pelo coletivo Jornalistas Livres.

Hoje, um grupo de pelo menos 70 estudantes das escolas Silvio Xavier e Martin Egídio Damy, na Vila Brasilândia, zona norte da capital, realizaram um ato contra o fechamento das escolas e fecharam a Marginal Tietê, na altura do Ponte do Piqueri. “Havia um efetivo policial muito grande, além dos oficiais à paisana, que são muitos. Em um dado momento, eles começaram a forçar a saída dos estudantes e jogaram bombas de gás lacrimogêneo. Um PM arrastou um estudante, deu um soco em outro e um soco no meu braço”, conta a professora Flavia Bischain.

Militantes de movimentos que defendem a educação denunciam que começaram a chegar nas escolas ocupadas os chamados “provocadores”, supostos pais e diretores que criam confusão nos prédios, para justificar a entrada da polícia nas escolas. Um grupo de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu, em reunião no último dia 23, que fossem realizadas reintegrações de posse em escolas da capital paulista.

No colégio Maria José, na Bela Vista, zona central de São Paulo, após uma visita de Novaes, um grupo não identificado forçou a entrada na escola, arrombando os portões. A PM foi chamada e colaborou com a invasão ilegal, atacando os estudantes da ocupação com spray de pimenta, segundo relatos obtidos pela RBA. O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (Umes), Marcos Kauê, foi imobilizado pela polícia. Assista ao vídeo aqui.

Em Guarulhos, a mãe de duas alunas da escola Alice Chuery, Maria Claudia Fernandes, denunciou que a diretora da instituição, aliada à direção da escola Frederico de Barros Botero, postou nas redes sociais mensagens que demonstravam uma articulação para organizar ações de desocupação nas escolas.

O governo Alckmin justificou o fechamento alegando que vai reunir apenas alunos do mesmo ciclo – fundamental 1 e 2 e médio – nas escolas e com isso melhorar a qualidade do ensino. Professores e estudantes temem que as mudanças levem à superlotação de salas, demissão de docentes e à redução de salários decorrente da redução de jornada. Além disso, a Apeoesp acredita que o número de escolas a serem fechadas será muito maior.

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