repressão

PM paulista prende cinco adolescentes em protesto contra reorganização escolar

Alunos faziam ato público na manhã de hoje (2) na Avenida Doutor Arnaldo, zona oeste da capital paulista

maleducados / CC

Manifestantes interditavam as quatro faixas da via, e foram retirados à força pela Polícia Militar

São Paulo – Cinco estudantes foram apreendidos na manhã de hoje (2), durante um protesto contra a reorganização escolar estadual pretendida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), na Avenida Dr. Arnaldo, região central da capital paulista. Os jovens detidos foram levados para o 23º Distrito Policial, no bairro da Pompeia.

No final da tarde de ontem (1º), outros quatro jovens foram detidos e encaminhadas ao 78º Distrito Policial, nos Jardins, após outro protesto contra a reorganização, que interditou a Avenida 9 de Julho, na região central de São Paulo. A Polícia Militar alegou que “precisou do uso da força” para liberar a via e, com isso, foram usadas bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo contra os estudantes. Os quatro detidos foram liberados na madrugada de hoje.

O governo de São Paulo publicou ontem, no Diário Oficial do estado, o decreto que autoriza a transferência de professores para a implementação da reorganização escolar, que fechará 93 unidades de ensino em todo o estado e afetará 311 mil alunos. O objetivo é separar as escolas por ciclos, entre os anos iniciais e finais dos ensinos fundamental e médio.

Truculência

Os alunos que protestaram na manhã de hoje na Avenida Doutor Arnaldo, relataram a truculência da Polícia Militar (PM), durante o ato. “A gente estava muito pacífico, muito tranquilo. Os policiais vieram e pegaram as cadeiras que a gente estava sentado. Depois foi piorando porque ninguém queria sair”, disse Willian Dias de Andrade Silva, estudante da Escola Romeu de Moraes.

Segundo os alunos, quando um contingente maior de policiais chegou, partiu para a agressão com cacetetes.

Já o tenente da PM Diego Marcel Fernandes Dias, disse que “o problema é que tinham alguns que não aceitaram as ordens (de desocupar a via) e foram se jogando pra cima dos carros, resistiram à ordem de liberar pelo menos uma das faixas”, declarou. O tenente negou que tenha havido confronto e truculência.

Depredação de escolas

Estudantes também disseram que policiais à paisana têm depredado escolas para culpar os manifestantes. “Isso é um erro. Só fazem isso nas escolas de periferia. Não tem que fechar escolas”, disse William.

Ariel de Castro Neves, advogado de direitos humanos, também denunciou a ação de policiais. “Temos isso todos os dias e ontem tivemos na escola da Bela Vista, policiais fardados ou à paisana para intimidar sem qualquer ordem judicial. Temos relatos de policiais que promovem os danos ao patrimônio para depois culpabilizar os estudantes”, declarou.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública paulista não se manifestou a respeito das denúncia.