Começa em 2024

Novo Enem: primeira prova terá só questões de Matemática e Português

No segundo teste o aluno vai escolher entre os componentes da parte flexível do curso. Mudança acompanha empobrecimento do Ensino Médio

Arquivo ABr
Arquivo ABr
Estudantes que não compareceram aos dois dias de provas do Enem em 2023 e desejam participar da edição de 2024 gratuitamente também têm até o dia 26 de abril para justificar a ausência

São Paulo – O novo Enem, anunciado nesta quinta-feira (17) pelo Ministério da Educação, será composto de duas etapas. Na primeira, o aluno será submetido a uma prova com questões discursivas de Português e Matemática, além da redação. E na segunda, as questões serão sobre a área escolhida pelo aluno durante o ensino médio. Ou seja, a parte flexível do currículo, também chamada de itinerários formativos. A mudança passa a valer para 2024, quando os alunos que começaram o novo ensino médio este ano estarão aptos a fazer a prova.

Atualmente, no primeiro dia da prova há 90 questões relacionadas Ciências Humanas, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, e a redação. E no segundo, são 90 questões relacionadas a Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. 

Segundo enfatizou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, o novo Enem se adapta ao novo Ensino Médio, que possibilita aos estudantes se aprofundar em áreas de maior interesse. No caso, por meio dos intinerários formativos. Caminhos, para ele, que “são como trilhas que o aluno vai percorrer dentro do seu projeto de vida, permitindo que siga os estudos do nível superior ou carreira técnicas e acrescente mais prática à carreira escolhida”.

Mas não é bem assim, como o ministro disse e esse ponto, aliás, é um dos mais criticados por especialistas. Em entrevista à RBA em janeiro, o pesquisador e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Fernando Cássio afirmou que na prática, se esses itinerários chegarem a ser oferecidos nas escolas de ensino médio brasileiras, não deverão se equiparar a cursos técnico-profissionalizantes oferecidos atualmente por redes como o Centro Paula Souza, em SP. Por falta de infraestrutura e professores, serão cursos rasos, isso quando não terceirizados para pequenas escolas de informática de bairro, por exemplo.

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O peso da redação continua sendo grande no Enem. E o inglês estará presente, mas integrado às demais áreas, como no enunciado de uma questão. O ministro disse também que a pasta trabalha para ampliar a oferta de formação técnica e tecnológica. E, ainda, que deve apresentar na próxima semana um documento com diretrizes para essa ampliação.

A mudança vem sendo discutida por um grupo de trabalho criado em julho de 2021, do qual participaram representantes do MEC, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Institutos Federais e das escolas privadas de educação fundamental. 

Redação: Cida de Oliveira