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UNE realiza ato contra a instabilidade política e ascensão do conservadorismo

Ato em defesa da democracia é realizado em Goiânia, onde cerca de dez mil estudantes participam do evento mais importante da entidade; amanhã serão eleitas a nova presidência e diretoria

Divulgação

Congresso: quem ganhar as eleições estará à frente de 7 milhões de universitários e terá papel nas lutas sociais

São Paulo – Em meio à instabilidade política do país e à ascensão do conservadorismo que chegou até a defender a ditadura militar brasileira nas ruas das grandes cidades, a União Nacional dos Estudantes (UNE) realiza um ato em defesa da democracia neste sábado (6), às 16h, na Arena Goiânia.

O ato faz parte do 54º Congresso da UNE, o principal encontro do movimento estudantil brasileiro. Participarão do ato de hoje diversas entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o coletivo Fora do Eixo e a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

O congresso encerra-se neste domingo (7), quando será eleita a nova presidência e diretoria da UNE. A plenária acontece na Arena Goiânia. A eleição da UNE é realizada de forma congressual, semelhante ao que ocorre em outras entidades como OAB, CUT e CNBB.

Primeiramente, são realizadas eleições diretas nas universidades, para escolher os delegados que terão direito a voto no Congresso. Em 2015, essa etapa inicial mobilizou 98% das universidades do país. Durante o encontro, as chapas de delegados se organizam em teses que são apresentadas, discutidas e eleitas na plenária final. A diretoria é composta proporcionalmente na medida exata dos votos que cada chapa obteve na votação.

Quem ganhar as eleições na UNE estará à frente de sete milhões de universitários brasileiros e terá papel destacado nas lutas dos movimentos sociais brasileiros pelos próximos dois anos. Em diferentes momentos da história, já foram presidentes da UNE personagens como os senadores José Serra e Lindbergh Farias, o ministro Aldo Rebelo e os deputados federais Orlando Silva e Wadson Ribeiro.

No evento deste congresso, as pautas que predominaram nas discussões foram a defesa do investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país na educação, a posição contra a redução da maioridade penal e a defesa da Petrobras.

O encontro também discutiu o plano de ajuste do governo federal, que impôs um contingenciamento de quase R$ 70 bilhões no Orçamento. O Ministério da Educação foi um dos mais afetados, com um corte de R$ 9,4 bilhões.

Luiz Dourado, representante do Fórum Nacional de Educação, do qual a UNE participa com um assento fixo, chamou atenção para os embates políticos durante o desenvolvimento do Plano Nacional de Educação, sendo o principal em torno do investimento de 10% do PIB na educação.

Dourado apontou que a redação original do texto determinava este investimento exclusivamente na educação pública conforme queriam os movimentos educacionais, entretanto, pressões dos “tubarões do ensino privado” flexibilizaram essa meta. Agora, o cálculo dos 10% do PIB para a educação inclui o custei do sistema particular, como os programas Fies, ProUni e Pronatec.

“É fundamentos os estudantes e a UNE defenderem o investimento exclusivamente na educação pública para atingirmos a educação que todos os brasileiros merecem”, afirmou Dourado.

Dez mil estudantes de todos os estados do país foram a Goiânia para participar das atividades desde a última quarta-feira. Entre eles, mais de seis mil delegados e delegadas realizam as votações finais neste sábado (6), quando são aprovadas as resoluções e o posicionamento da entidade no próximo período.