São Paulo – Seguindo as recomendações sanitárias, como uso de máscara, apresentação da carteira de vacinação e número reduzido de lugares disponíveis, a peça Sem Palavras, da Companhia Brasileira de Teatro, ganha sua última exibição neste final de semana, na cidade de São Paulo. O espetáculo, que já esteve em cartaz na França e na Alemanha, encerra sua temporada no teatro do Sesc Pompeia, na zona oeste. 

O autor e diretor da peça, Márcio Abreu, conta que a peça teatral, de sua autoria, é uma leitura dos assuntos urgentes do nosso tempo. O espetáculo reúne linguagens diversas, segundo ele, desde texto a dança e performance. E foi criada no período de isolamento da pandemia de covid-19. “É uma peça que fala um pouco da urgência de contar as histórias não contadas, de quem ocupa o lugar da palavra na sociedade hoje e quem deveria ocupar e não ocupa por históricos de apagamento”, descreve. 

Embora o nome da peça seja Sem Palavras, o diretor afirma que não haverá ausência de diálogos. De acordo com Márcio Abreu, a plateia pode esperar uma experiência teatral completa e potente. “São corpos múltiplos, diferentes formas de entender a vida e modos de existência colocados em questão com muita potência. Há sentido critico, mas também tem humor, responsabilidade e consciência por tudo. É uma obra de arte de alta qualidade, desde produção técnica, artística e de acabamento e também de linguagem. O público vai encontrar artistas de várias partes do Brasil compondo a equipe de criação e de elenco”, acrescenta o diretor.

Inspiração em “Morte e Vida Severina”

Inspirado na obra de João Cabral de Melo Neto Morte e Vida Severina, a peça teatral Estudo nº 1: Morte e Vida, do grupo Magiluth, em cartaz no Sesc Ipiranga, também usa da arte para tecer críticas sobre a atual realidade do povo brasileiro. Ator e membro do grupo Magiluth – que existe em Pernambuco há 18 anos –, Giordano Castro explica que questões como direito à terra e ao trabalho estão presentes na peça. 

O espetáculo parte da investigação de diversas obras de João Cabral de Melo Neto, mas tem em seu livro mais famoso um “disparador” de discussões sobre a atualidade do país. “Fazemos dessa reflexão um olhar para a contemporaneidade, para as questões que nos atravessam e vivemos hoje em dia: quem são esses ‘Severinos’, de onde eles partem agora e para aonde estão indo”, explica Castro. “É uma experiência de buscar refletir de forma muito crua as questões que vivemos hoje em dia e não diferem muito das questões de 50 anos atrás, quando João Cabral escreveu aquela peça. O Estudo Nª 1: Morte e Vida é um olhar para o hoje para questões do ontem”.

Serviço e cuidados

De acordo com o ator, a volta gradativa aos palcos é importante e motivo de felicidade. Porém, ele destaca, não se pode seguir com o processo de levar cultura sem pensar na responsabilidade com a saúde pública.

“A gente sabe que é importante e sempre foi levar em consideração as questões de saúde e sanitárias que estamos vivendo. Mas é também importantíssimo que a gente volte a trabalhar. Essa cadeia é a que tem sofrido muito, o que não é uma particularidade das artes, mas é muito difícil o subsídio para esse setor. Foi muito difícil para os artistas ter que parar porque a gente não teve apoio e nem um olhar sério do governo nesse momento. Então a necessidade de voltar a trabalhar é a necessidade de qualquer trabalhador do Brasil, isso não difere. E temos feito isso de forma responsável e cuidadosa. Estamos levando em consideração que precisamos tratar muito bem e com muito cuidado o público porque é deles que a gente vive, da plateia”, finaliza Castro.

A peça Sem Palavras faz suas últimas apresentações hoje, às 21h, e amanhã, às 18h. Já a peça Estudo nº 1: Morte e Vida ficará em cartaz até 6 de março. Às sextas e sábados, às 21h. E domingos às 18h. Os ingressos podem ser obtidos por meio do site do Sesc – (clicando aqui) – ou nas bilheterias das unidades do estado.

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