Ovelha Negra

Rita Lee é celebrada em todo o mundo: ‘Ícone feminista’, ‘rainha indiscutível’, ‘lendária’, ‘rebelde’

A mutante Rita Lee, Rainha do Rock brasileiro e ícone paulistana, morreu após longa batalha contra o câncer. BBC cita ironia da cantora em sua biografia: “Quem for sincero (no carinho ao saber de minha morte) vai pegar meus discos e cantar Ovelha Negra”

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube
Personagem rebelde, visionária e inspiradora de várias gerações de mulheres no Brasil, diz Agência France Presse

São Paulo – A morte da cantora e compositora brasileira Rita Lee, nesta terça-feira (9), teve grande destaque na imprensa internacional. Com chamada na capa de sua edição de internet, o jornal britânico The Guardian estampa foto de um show em 2012 e o título: “Rita Lee, indiscutível Rainha do Rock do Brasil, morre aos 75 anos”.

O jornal destaca que “a lendária música brasileira, fundadora da pioneira banda Os Mutantes, morreu aos 75 anos, gerando homenagens emocionantes à indiscutível ‘Rainha do Rock’ do Brasil”. O diário britânico classifica a artista como “ícone feminista”.

“Sexo, amor e liberdade”

Afirmando que Rita Lee deixa “um legado cheio de música”, o argentino Página|12 resume como avalia o estilo da rockeira (que não era apenas rockeira): “Suas roupas extravagantes e canções irreverentes, que falavam de sexo, amor e liberdade, tornaram-se símbolos feministas.”

O Página12 também chama a atenção para Os Mutantes, “com o qual alcançaria fama nacional no auge do tropicalismo, movimento libertário que revolucionou a música brasileira em plena ditadura militar (1964-1985)”, pontua o veículo argentino.

“Para celebrar sua vida”, o jornal faz um “resumo” listando seis vídeos ou áudios de algumas canções “marcantes” interpretadas pela artista: Ovelha Negra (1975), Mania de Você (1983), Lança Perfume (1980), Amor e Sexo (2003), I Want To Hold Your Hand  (dos Beatles, em 2001) e Brown Sugar“(dos Rolling Stones, 1976).

“Rebelde à brasileira, forasteira, vanguardista, inovadora, começou no tropicalismo, mas não hesitou em deixar o gênero para animar o rock, o pop, os Beatles”, destaca o também argentino El Clarín. “Ela vendeu cerca de 60 milhões de discos, e começou antes de todas uma orgulhosa defesa de sua liberdade sexual.”

No México, o jornal Reforma também classifica a artista como “lendária” e informa que ela morreu após ser diagnosticada com câncer de pulmão em 2021. “Ela havia anunciado há alguns meses que sua doença estava em remissão”, disse o jornal mexicano.

Rock e psicodelia

“O Brasil chora a cantora Rita Lee, rainha do rock e da psicodelia brasileira, que faleceu aos 75 anos”, diz o espanhol El País. O diário espanhol destaca em sua edição eletrônica que a “estrela do tropicalismo com a banda Os Mutantes” vendeu dezenas de milhões de discos.

O jornal de Madri sublinha o caráter multifacetado da arte da “instrumentista, atriz e escritora”, e diz que “Lee é celebrada por seus compatriotas como uma das maiores compositoras de pop em português, como feminista e defensora de direitos e liberdades desde os anos da ditadura, quando sua carreira artística começou e a censura era algo cotidiano”.

Ironia, humor e amor

jornal Público, de Portugal, homenageia a cantora e compositora dizendo que “a brasileira Rita Lee ficará para sempre como a eterna rainha do rock brasileiro, apesar de ter seguido muitos outros gêneros musicais”. Segundo o diário, a também autora tinha uma “escrita clara e impiedosa, salpicada de ironia, humor e amor”.

A Agência France Presse aponta uma personagem “rebelde, visionária e inspiradora de várias gerações de mulheres” no Brasil. O texto lembra que Rita Lee Jones estreou como cantora na banda feminina Teenage Singers, cantando canções de várias bandas internacionais, entre as quais The Beatles.

A BBC, em sua edição em inglês, destacou a personalidade “sempre irreverente” da cantora, que brincou em sua autobiografia sobre a reação que esperava que as pessoas tivessem ao saber da notícia de sua morte:

“Já imagino as palavras de carinho que aqueles que me detestam vão proferir”, escreveu Rita, com a ressalva: “Quem for sincero (no carinho) vai pegar meus discos e cantar Ovelha Negra“.