Para Rui Ricardo Diaz, filme sobre Lula ensina a ‘teimar’

Antes da estreia de 'Lula, filho do Brasil' no Festival de Cinema de Brasília, ator que interpreta o biografado concede entrevista exclusiva à Rede Brasil Atual

Rui Ricardo Diaz, que interpreta o biografado Luiz Inácio Lula da Silva, afirma que passou a admirar mais a figura do presidente depois das gravações (Foto: Divulgação)

Para um seleto público de 1.300 pessoas em sessão de gala do Festival de Cinema de Brasília, o filme “Lula, o filho do Brasil” tem primeira sessão nesta terça-feira (17), na capital federal. Rui Ricardo Diaz, que interpreta o biografado Luiz Inácio Lula da Silva, afirma que passou a admirar mais a figura do presidente depois das gravações.

Aos 31 anos, Diaz revelou que não havia assistido ainda à montagem final do longa-metragem de Fábio Barreto, afirma que o personagem tem muito a ensinar para o Brasil e que o lema do filme é “teimar”.

“Muitas coisas me surpreenderam, a vida do Lula é muito intensa”, declarou. “É uma família como tantas outras que sai da pobreza do Nordeste e vem buscar condições melhores de vida em São Paulo”, explica.

 

Em 128 minutos, o filme retrata a vida de Lula desde o berço, ou melhor o nascimento sem berço, ao episódio da morte da mãe, quando ele tinha 35 anos e estava preso no Dops, em 1980.

Para evitar tensões com o público do Festival, que já protagonizou vaias e protestos homéricos contra diretores e filmes, a opção foi pela exibição de gala. Nem Lula nem a ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, marcaram presença.

A primeira-dama, Marisa Letícia, representou a família, ao lado da atriz Juliana Baroni, sua intérprete na história.

A organização do evento, porém, garantiu o constrangimento, ao permitir a lotação do auditório do Teatro Nacional de Brasília sem sequer reservar assentos para os integrantes da equipe do filme.

Para Rui Ricardo Diaz, filme sobre Lula ensina a "teimar" (Foto: Divulgação)

Confira a entrevista

 

RBA – Inicialmente você não faria o Lula, como saiu de coadjuvante a protagonista?

Na verdade fiz teste para um outro personagem, um sindicalista, Depois fui convidado para fazer um enfermeiro, e o Fábio viu o teste e me convidou para fazer o Lula.

RBA – O Fabio Barreto queria fazer um filme que mostrasse o Lula “comum”, sem o estigma do líder político. Mas seu teste foi fazer um discurso, uma coisa inflamada, enfim, você precisava ser o líder. Como é que foi?

Na verdade essa foi uma das etapas do teste, talvez a definitiva. Mas cheguei a fazer o teste dele com a primeira esposa, com a Marisa, momentos da vida privada do Lula. Mas os discursos eram momentos muito difíceis e eu tive de fazer alguns durantes os testes.

RBA – E você teve contatos com o Lula antes, com os familiares? Como construiu o personagem?

Eu não tive contato. Eu li o livro da Denise Paraná, a biografia, um livro muito bom, e convivi com os familiares, tive um preparador de elenco, o Fabio foi conduzindo o trabalho, esse foi o processo. O Frei Chico ajudou bastante, o Vavá, os amigos, os sindicalistas. Eu estive muito tempo em São Bernardo do Campo, entendendo como aquilo tudo funcionava, esse foi o caminho de construção, sempre buscando o lado emocional do personagem, sempre tentando atingir aquele nível de intensidade.

Para Rui Ricardo Diaz, filme sobre Lula ensina a "teimar" (Foto: Divulgação)

RBA – Você tinha uma visão, um conceito do personagem, que mudou à medida que tomou conhecimento da história dele fazendo o filme? Ou nada te surpreendeu?

Muitas coisas me surpreenderam. A vida dele é muito intensa. É uma família como tantas outras, que sai da pobreza do Nordeste pra vir buscar condições melhores de vida em São Paulo. Agora, é uma cara que tem de diferente a possibilidade da transformação, da persistência, que ele herdou de dona Lindu, sua mãe: “Teima, meu filho, teima”, é o lema do filme. Eu não sei se mudei em relação ao Lula. Acho que tenho muito mais admiração. Já tinha muita e agora tenho mais. É uma história que a gente precisa contar, as pessoas precisam conhecer. É uma história nossa. Como que a gente pode não conhecer as nossas histórias?

RBA – E já viu o filme?

Ainda não. Estou superansioso. Acho que vai ser emocionante.