Tradições

‘Oroboro’ une ancestralidade e tragédia para retratar povo silenciado na história brasileira

Espetáculo, gratuito, estreia hoje e vai até 21 de maio no Centro Cultural São Paulo

Sergio Fernandes/divulgação
Sergio Fernandes/divulgação

São Paulo – Estreia nesta quinta-feira (27), no Centro Cultural São Paulo (CCSP), o espetáculo Oroboro, que une elementos de tragédias gregas com a ancestralidade negra. Responsável pela encenação, Felipe de Menezes afirma que a ideia é “devolver o grito aos corpos pretos que foram silenciados ao longo da história econômica e social de nosso país”. Ele fala ainda em “um verdadeiro chamamento público para a exumação do que não foi dignamente enterrado”.

O nome, uma representação da criação, remete ao símbolo da cobra que morde o próprio rabo. Mas também, lembram os responsáveis pela apresentação, “à concepção de povos africanos – como Bantu e Iorubá – em um tempo circular ou cíclico, que sempre acaba por retornar”. 

Esquecimento

“Assim como nas tragédias gregas, a peça lida com poderes diferentes ou superiores”, afirma o dramaturgo Tadeu Renato. “Há uma discussão sobre se enredar nos poderes do mundo espiritual, para o enfrentamento contra o esquecimento da história, refletindo sobre os poderes do capital sobre nossas subjetividades”, afirma, descrevendo a história.

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Assim, Oroboro trata de arquétipos, terreiros e povos originários. Que foram “apartados de suas tradições sendo obrigados a se moldar a uma sociedade conduzida a partir de costumes e embasamentos eurocêntricos, remoldando-se de tempos em tempos, dentro desses mesmos padrões, afastando-se cada vez mais dos fundamentos afro-atlânticos”.

Até 21 de maio

Com duração de 90 minutos, as apresentações vão até 21 de maio. De quinta a sábado às 21h, e aos domingos às 20h, na Sala Jardel Filho do Centro Cultural (Rua Vergueiro, 1.000, Paraíso). Nesta semana, haverá apresentações também às 16h, de sexta (28) até domingo (30). As encenações de sextas e sábados terão interpretação em Libras. Idealizado pelos artistas Thais Dias e Jefferson Matias, Oroboro tem direção musical de Fernando Alabê.

Assim, a peça usa os Orikis, “poemas-canções” iorubás e bantos. “Todo o caminho sonoro foi feito a partir dos sambas, jongos, maracatus, funk, soul, spiritual, rumbas, amapiano, semba, kuduro, sabar, orikis, orins, aduras, angorossi, sassanhas, loas e lundus”, diz Alabê. O espetáculo integra o projeto Desvelando Encruzilhadas, contemplado na 15ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

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