São Paulo

‘O Que Se Rouba’: dança urbana e reflexão de graça na Galeria Olido

A partir de entrevistas feitas com infratores, policiais, filósofos, sociólogos e advogados, o grupo de dança Zumb.boys pondera o que pode ser roubado das pessoas, muito além das questões materiais

Kelson Barros/Divulgação

‘Você está preso a um modo de existir que não permite arriscar e se libertar de amarras em demarcações invisíveis’

Em 2014, o grupo de dança urbana Zumb.boys investigou os impulsos e os fatores que determinam o ato de roubar: a emoção, o desejo, os motivos, a racionalidade, a irracionalidade, o desafio e a fuga dos padrões… Ladrão deu origem a uma outra peça que amplia a reflexão sobre o roubo. O Que Se Rouba, que estreou há um ano no Teatro Flávio Império, em São Paulo, volta a ser apresentado, de graça, entre os próximos dias 27 e 30 na Galeria Olido, no centro da capital paulista. O espetáculo valoriza as danças urbanas, como a break dance e o hip hop,e reflete sobre o que pode ser roubado de cada um de nós além de coisas materiais.

A coreografia impactante foi criada a partir da pesquisa sobre o tema “roubo” e sobre a movimentação urbana representada no espaço cênico. Se em Ladrão o grupo se concentrava nos infratores, em O Que Se Rouba, eles vão além e também entrevistam policiais, filósofos, sociólogos e advogados.

“A nossa intenção é expor tudo o que pode ser roubado e não nos ater apenas aos roubos materiais. Roubos imateriais, certamente são roubos concretos e de reverberações tão ‘violentas’ quanto qualquer outro. Um grande roubo pode ser o das possibilidades, por exemplo. Quando a sociedade diz a um indivíduo onde ele precisa chegar, mas não apresenta condições e recursos para que ele possa ir – como uma educação de qualidade, hospitais, segurança pública –, ela está roubando o desenvolvimento desse indivíduo. É desse roubo das possibilidades, de poder construir e de poder ser, que estamos tratando. O roubo da oportunidade, da infância, da vida, dos sonhos, do direito a igualdade”, afirma Márcio Greik, diretor do Zumb.boys.

A reflexão que a coreografia propõe passa pelo desejo de “querer ter” e pela necessidade de pertencer e se sentir parte de algo. Ela trata sobre a importância de ter algo ou alguém que nos pertença e sobre o como o consumismo acaba sendo uma das maiores motivações para a maior parte dos roubos, sejam eles materiais ou não.

Na primeira peça sobre o tema, a “correria” dizia respeito às fugas dos ladrões; nesta, ela representa a incansável corrida “para não ficar para trás na vida”, um movimento para tentar encurtar a distância entre aqueles que sempre estiveram à frente as nas oportunidades e os que pouco têm acesso à elas.

O cenário de O Que Se Rouba é uma prisão imaginária que representa as prisões imateriais presentes no cotidiano das pessoas: “Você não está preso fisicamente, mas está preso a um modo de existir que muitas vezes não te permite arriscar e se libertar de amarras abrigadas em demarcações invisíveis”, afirma Márcio Greik.

O espetáculo que foi contemplado pelo 17° Edital de Fomento à Dança de São Paulo tem trilha sonora de Ana Fridman e Eder Rocha, figurino de João Pimenta e a interpretação de Danilo Nonato, David Castro, Márcio Greyk e Guilherme Nobre.

O Que Se Rouba
Quando:
dias 27, 28, 29 e 30 de outubro
De quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h
Onde: Centro Cultural Galeria Olido
Avenida São João, 473, Centro, São Paulo (SP)
Quanto: grátis
Duração: 45 minutos
Classificação: livre
Mais informações: www.zumbboys.com

Ficha técnica
Direção geral:
Márcio Greyk
Intérpretes criadores: Danilo Nonato, David Castro, Márcio Greyk e Guilherme Nobre
Consultoria de pesquisa: Ana Teixeira
Professores de técnicas: Flávio Rodrigues, Hugo Campos e Maristela Estrela
Figurinos: João Pimenta
Trilha sonora: Ana Fridman e Eder Rocha
Operador de som: Alex Araújo
Design de luz: Alexandre Zullu
Técnico de iluminação: Renato Lopes
Assessoria de imprensa: Luciana Gandelini
Produção: Kelson Barros – Cazumbá Produções Artísticas
Fotos: Mari Turco e Kelson Barros

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