Biografia

‘Mussum Forévis’ resgata história do sambista e trapalhão

Homenagem aos 20 anos de morte de Mussum, livro de Juliano Barreto relembra a história do artista e vai além: apresenta ao leitor Antônio Carlos Bernardes Gomes

“Mussum viveu muito. Ganhou e perdeu muitas lutas, mas como um bom malandro, não vacilou”

Um dia, o jornalista Juliano Barreto tomava uma cerveja em um bar da Vila Madalena, na zona oeste da capital paulista, quando um vendedor de vinil entrou no bar em que estava. “Na frente da pilha de bolachões, equilibrada entre a barriga saliente e a barba branca dele, estava um LP do Mussum. Geralmente ignorado pela clientela, o vendedor virou o foco de todas as atenções. Passando entre as mesas para oferecer suas raridades musicais, ele sem querer, provocava gargalhadas, ouvia bordões dos Trapalhões e inspirava brindes empolgados de todos”, descreve Barreto.

O disco era o terceiro álbum solo de Mussum e Juliano se perguntou quantas pessoas sabiam de fato quem era aquele cara da capa. “Quantos sabiam que aquele long play reunia músicas de partideiros históricos como João Nogueira, Dicró, Almir Guineto, Jorge Aragão, Arlindo Cruz e Beto Sem Braço?”. E decidiu ir atrás da história. O resultado está no livro Mussum Forévis – Samba, Mé e Trapalhões, que será lançado na segunda-feira (21) na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro, e no dia 23, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

A obra reúne fotos inéditas cedidas pela família e pelos amigos e marca os 20 anos de morte do artista. Juliano colheu depoimentos de pessoas que conviveram com Mussum. “Se muitos já adoram o personagem por conta de alguns poucos quadros publicados na internet, qual seria o tamanho da surpresa ao descobrir toda a malandragem e as piadas acumuladas em 35 anos de carreira? Como uma figura tão lembrada podia, ao mesmo tempo, ter sua vida e obra tão desconhecidas?”, questiona o autor.

Por se tratar de uma biografia autorizada, Juliano garante que nada de comprometedor foi emitido ou alterado. “Registrei histórias de bebedeiras inacreditáveis. Ouvi relatos de suas ex-mulheres, conheci detalhes de disputas profissionais com colegas e funcionários, mas mesmo assim, ninguém conseguiu encontrar palavras amargas para descrever o cabo da Aeronáutica, o músico, o ator, o marido, o pai, o trapalhão ou o diretor da ala das baianas. Foi preciso, pelo contrário, desbastar o excesso de elogios para Carlinho do Reco-Reco, Carlinhos da Mangueira, Cabo Fumaça, Muçum, Mussum, Caco, Diabo, Malhado, Mussa, Kid Mumu. Em seus 53 anos, Mussum viveu muito. Ganhou e perdeu muitas lutas, mas como um bom malandro, não vacilou”, escreve Barreto no “Próloguis” do livro.

Nos 24 capítulos, o leitor vai conhecer Antônio Carlos Bernardes Gomes, filho de uma empregada doméstica negra e analfabeta a quem começou a ensinar o que aprendia na escola, aluno de um colégio interno linha dura, mecânico e apaixonado por samba e gozação desde sempre. Barreto vai muito além da carreira do trapalhão batizado de Mussum por Grande Otelo.

O autor debruça também na trajetória do músico de conjuntos como Os 7 Modernos, Os Originais do Samba, de um fanático pela Estação Primeira de Mangueira, do intérprete de Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Jorge Ben, do parceiro de Adoniran Barbosa, Zeca Pagodinho, Baden Powell, Wando, Elis Regina e de Xuxa. Da infância pobre no Rio de Janeiro aos 28 filmes e 15 discos, o livro descortina, com simplicidade e humor, a vida de um Mussum que tinha, até então, muita história saborosa e desconhecida.

Mussum Forévis – Samba, Mé e Trapalhões
Autor: Juliano Barreto
Editora: Leya Brasil
Quanto: R$ 50
Páginas: 432
Formato: 16 x 23 cm

Lançamentos
– Rio de Janeiro
Quando:
segunda-feira, 21 de julho, às 19h
Onde: Livraria da Travessa, no Shopping Leblon
Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, loja 205A
– São Paulo
Quando:
quarta-feira, 23 de julho, às 18h
Onde: Livraria Cultura do Conjunto Nacional
Avenida Paulista, 2073, Bela Vista