Memória

Museu do Futebol tem lançamento de livro sobre Barbosa e bate-papo sobre racismo no esporte

Para autor de “Desculpas, meu ídolo Barbosa”, falar do goleiro é falar do racismo no Brasil. Observatório registrou 158 casos de preconceito e discriminação em 2021

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Barbosa, morto em 2000, foi um dos principais goleiros brasileiros de todos os tempos, mas ficou marcado pela derrota da seleção na Copa de 1950

São Paulo – O Museu do Futebol, em São Paulo, terá neste sábado (17) o lançamento do livro Desculpas, meu ídolo Barbosa, um romance histórico sobre o goleiro do Vasco da Gama e da seleção brasileira. Estarão presentes, além do autor (o professor e pesquisador Jorge Santana), o jornalista e historiador Fábio Tubino e Tereza Borba, filha do atleta, que morreu em 2000, aos 79 anos. O evento ocorre das 11h às 13h, no Auditório Armando Nogueira.

Moacyr Barbosa é sempre lembrado como uma espécie de “vilão” da derrota da seleção brasileira na Copa de 1950. O time nacional jogava por um empate no Maracanã e chegou abrir o placar contra o Uruguai, mas perdeu por 2 a 1. Dessa forma, o episódio perseguiu o atleta, impedindo o reconhecimento em vida. Uma situação que passou a mudar nas últimas décadas. Em 2007, por exemplo, em promoção do jornal O Globo, ele foi eleito por torcedores do Vasco melhor goleiro do time em todos os tempos.

Negros no time

“O Barbosa tem tudo a ver com a história do Vasco”, disse a filha Tereza ao jornal El País em 2020. Assim, ela lembrou que o clube carioca foi um dos primeiros a aceitar negros. “Por ser um homem negro e pelo racismo que sofreu ao ser pintado como monstro pela imprensa, é muito simbólico que ele seja um dos maiores ídolos vascaínos.”

O livro traz um protagonista acusado de traição à pátria. Um advogado militante do movimento negro e comunista é quem faz sua defesa no julgamento. Para Santana, falar de Barbosa é falar do racismo no Brasil.

Várias formas de intolerância

Segundo o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, no ano passado houve 158 registros de discriminação e preconceito, número recorde, que igualou o de 2019. “A intolerância demonstrada de diversas formas não está mais restrita aos estádios e à Internet, como visualizado ano a ano em nossos Relatórios”, afirmam os responsáveis pelo Observatório. “As denúncias envolvem ocorrências em programas esportivos, telejornais de rádio e televisão, sedes administrativas de entidades, veículos de transporte público, locais sociais e de lazer, entre outros.”

Confira aqui a íntegra do relatório. O Museu do Futebol fica na estrutura do agora privatizado estádio do Pacaembu, na praça Charles Miller, zona oeste paulistana.