Diversão consciente

MST ganha homenagem de bloco de carnaval em Campinas

Os 40 anos do movimento dos sem-terra inspiram um samba que remonta o histórico de lutas pela reforma agrária no país

Divulgação/MST
Divulgação/MST
"A luta se faz no dia a dia, se faz na construção, em marcha, em atividade, mas também com arte e alegria e com essa formação tão importante, que é o carnaval"

São Paulo – O tradicional Bloco do Cupinzeiro, de Campinas (SP), apresenta neste carnaval uma homenagem aos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No último sábado (3), o grupo carnavalesco apresentou o samba no acampamento Marielle Vive, em Valinhos, região metropolitana de Campinas. Já o cortejo oficial está previsto para segunda-feira (12), às 16h, no distrito Barão Geraldo.

A história do bloco inclui 21 carnavais. Ele faz parte de uma iniciativa do Núcleo Cupinzeiro, que promove pesquisa e preservação da música popular brasileira. O viés crítico e cultural vem à tona neste carnaval com uma homenagem aos 40 anos deste que é um dos maiores movimentos sociais populares do mundo.

Então, a letra do samba remonta uma jornada de lutas em defesa da reforma agrária, pelo direito à terra. Direito constitucional negligenciado governo após governo. Também faz parte da história do MST a mobilização em defesa da democracia e dos valores da diversidade.

O samba e o MST

Para remontar essa história, o Bloco do Cupinzeiro volta a 1980, quando centenas de famílias ocuparam a Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul. O grupo teve mais de 3 mil pessoas e resistiu até 1982. Historiadores posicionam esse movimento como o berço do MST e de outros movimentos populares organizados pela reforma agrária, que havia enfraquecido com o golpe civil-militar de 1964, quando o regime ceifou os projetos de reformas de base e as esperanças de justiça social no campo.

“Desde Sarandi à Encruzilhada Natalino. O movimento vem cumprir seu destino. Diversidade nesse chão. Terra sem veneno, gente livre e união. E o movimento ocupou meu coração”, canta o bloco. Sarandi faz referência à ocupação da fazenda Annoni, em Sarandi, também no Rio Grande do Sul. Em 1984, mais de 7 mil pessoas ocuparam o local nesta que é considerada a primeira ação oficial do MST.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Tassi Barreto, da coordenação estadual do MST, celebrou a homenagem. Ela também destacou a importância da apresentação do samba para a comunidade no acampamento em Valinhos. “É um acampamento que está sob risco de despejo, com seis anos de luta e lona. Estamos fazendo uma luta cotidiana pela terra e também pela transformação social”, afirmou.

“A luta se faz no dia a dia, se faz na construção, em marcha, em atividade, mas também com arte e alegria e com essa formação tão importante, que é o carnaval, para o povo brasileiro e para o povo sem terra. Para nós, luta, festa e cultura, tudo faz parte da nossa conquista pela reforma agrária no Brasil”, completou.