Pra ficar

Margareth Menezes assume retomada do Ministério da Cultura. ‘Nós merecemos’

Nova ministra criticou Bolsonaro por ter transformado o Minc em secretaria do Turismo: “Desmonte da Cultura trouxe muita dor”. Ela também expôs plano de relacionar a cultura com outras áreas sociais

Valter Campanato/ABr
Valter Campanato/ABr
Clima de festa toma cerimônia de posse da ministra da Cultura, Margareth Menezes

São Paulo – A artista e ativista Margareth Menezes assumiu nesta segunda-feira (2) o cargo de ministra da Cultura do governo Lula, em cerimônia que ocorreu no Museu da República, em Brasília, e contou com a participação da primeira-dama, Janja da Silva. Em discurso repleto de referências à cultura popular, ela criticou o governo anterior, falou das consequências da extinção do ministério para os produtores de cultura e os impactos da pandemia de covid-19. “O desmonte não trouxe só consequências econômicas, mas também muita dor.”

A pasta foi recriada por Lula, depois de ter sido reduzida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a uma secretaria especial do Ministério do Turismo e nomear responsáveis pelo setor nomes como os de Mario Frias e Regina Duarte. Margareth destacou a importância da área para o desenvolvimento socioeconômico do país. 

“A arte e o artista passarão a ser vistos como algo ainda maior. Precisamos voltar a ser respeitados e colocar o ministério na afirmação dessa grandeza. Desenvolvimento social sem cultura é assistencialismo. Todas as outras áreas precisam da cultura para serem elas mesmas. Vimos o desmonte perverso de nossas políticas culturais. Vencemos, o Minc está de volta”, disse a cantora e ministra, nascida em Salvador.

Cultura para sempre

Margareth Menezes disse que “nunca mais” a pasta deixará de ser ministério. “Nós merecemos o nosso ministério. O Brasil tem uma das mais ricas, potentes e respeitadas forças de produção cultural do mundo. Que o nosso Minc nunca mais desapareça.”

A ministra reforçou ainda o compromisso de “retomar a escuta, o cuidado com a comunidade cultural. Vamos construir pontes que levam a cultura para um futuro mais justo para os artistas e cidadãos brasileiros, especialmente aos jovens, mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, periféricos e isolados. Vamos voltar para ficar em paz com a dimensão cultural.”

Entre as atribuições do Ministério da Cultura estão:

  • política nacional de cultura e a proteção e promoção da diversidade cultural.
  • proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural;
  • direitos autorais;
  • assistência nas ações de regularização fundiária, para garantir a preservação da identidade cultural dos remanescentes das comunidades dos quilombos;
  • desenvolvimento e implementação de políticas e ações de acessibilidade cultural;
  • formulação e implementação de políticas, programas e ações para o desenvolvimento do setor de museus.

Para encerrar a cerimônia, Margareth Menezes cantou, acompanhada por palmas da plateia, a música de Roberto Mendes e Capinan Chamamento. Um dos trechos diz:

“Manda chamar os índios. Manda chamar os negros
Manda chamar os brancos. Manda chamar meu povo.
Para o rei Brasil renascer. Renascer de novo”