Cultura e militância

Filme em exibição até este domingo no Masp mostra grupo teatral com jovens do MST no Pará

Coletivo Banzeiros surgiu no marco dos 20 anos do chamado massacre de Eldorado dos Carajás

Reprodução
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'Fala da Terra': jovens atraídos para o movimento pela arte

São Paulo – O Museu de Arte de São Paulo (Masp) exibe até amanhã (13) o filme Fala da Terra, que conta a trajetória do Coletivo Banzeiros, da juventude sem-terra. Desde agosto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participa da exposição Histórias Brasileiras, que inclui mostra de obras (núcleo Retomadas) e a exibição do vídeo. As obras chegaram a ser vetadas, provocando protestos, mas depois voltaram à exibição para o público.

Fala da Terra, obra de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca com o Coletivo Banzeiros, foi exibido no New Museum, nos Estados Unidos. O grupo surgiu em 2016, quando se lembravam dos 20 anos do chamado massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. E foi justamente criado pela Juventude do MST no sudeste daquele estado, na região entre Marabá e Parauapebas. A obra “retrata uma geração que aprofunda raízes de resistência em meio a conflitos na Amazônia”, diz o movimento.

Um país para descobrir

O filme está sendo exibido na Sala de Vídeo do Masp, em vários horários. Confira mais informações no site do museu. Depois, seguirá para outros países.

Há 10 anos, Bárbara e Benjamin pesquisam e mostram artistas populares, na busca, como dizem, de um Brasil por ser descoberto. “Nós somos mediadores de fenômenos que a gente percebe e a gente se aproxima. A gente olha, a gente escuta, a gente aprende essas metodologias e junto traduz isso para o audiovisual”, conta Bárbara. Direção, roteiro, figurinos, trilha sonora, tudo é discutido em parceria com os participantes dos projetos. “Tem uma densidade, parece que é só um filme. Mas o filme não é o trabalho, o trabalho é o processo de fazer o filme juntos”, acrescenta Benjamin.

Linguagem artística

O massacre ocorreu na tarde de 17 de abril de 1996. Foram 21 trabalhadores rurais assassinados por forças policiais. Os manifestantes pretendiam marchar até Belém, para cobrar das autoridades a desapropriação de uma fazenda.

Vinte anos depois, surgiram os Banzeiros. A experiência se desenvolveu no Coletivo Nacional de Cultura do MST, na encenação da peça A Face da Justiça Burguesa. Alan Leite, que participa do filme, conta que foi atraído para o movimento justamente por meio da arte. “Eu sou esse jovem que não conhecia o MST, e eu fui para o movimento através das linguagens artísticas.”

Com informações do MST