Comédia de sucesso na França satiriza diferença regional

(Foto: Divulgação) São Paulo – Em uma época em que comédia é muitas vezes sinônimo de deboche, escatologia e paródia, a produção francesa “A Riviera Não é Aqui” mostra que […]

(Foto: Divulgação)

São Paulo – Em uma época em que comédia é muitas vezes sinônimo de deboche, escatologia e paródia, a produção francesa “A Riviera Não é Aqui” mostra que o humor pode ser extraído do que há de mais singelo e prosaico.

Escrito, dirigido e coprotagonizado pelo ator francês Dany Boon (de “Feliz Natal”, 2006), trata-se de um filme familiar que foi um sucesso histórico de bilheteria na França, onde foi visto por mais de 20 milhões de espectadores em 2008. Nesta sexta (9), estreia em São Paulo, Curitiba, Fortaleza e Juiz de Fora.

Boon traz às telas a história de Philippe Abrams (Kad Merad, de “Paris 36”), o diretor de uma agência dos correios em Salon-de-Provence, sul da França. Vítima da sinceridade brutal e desconcertante de sua mulher, Julie (Zoé Félix), que o trata a pontapés, ele traça um plano para ser transferido a uma sede na Côte d´Azur (a Riviera Francesa), onde ela poderia, quem sabe, ser mais feliz e amigável.

Mas nada dá certo na vida de Philippe, que, como punição a um truque usado para ganhar a promoção, acaba sendo enviado para dirigir uma agência em Bergues, em Nord- Pas-de-Calais, extremo norte do país. Sentindo-se castigado pelo chefe e hostilizado pela esposa, ele parte sozinho para a região que, aos seus olhos, é fria, chuvosa e povoada por provincianos beberrões e ignorantes.

Para sua surpresa, ele encontra à sua espera uma recepção calorosa por parte dos “cheutimi”, como se designam as pessoas, dialeto e costumes de uma pitoresca população local. O que lhe cria um outro dilema: por mais que se divirta em seu novo emprego, ele não acha um jeito de confessá-lo a sua mulher, que passa a admirá-lo por se “sacrificar” pela família em um lugar tão inóspito.

Tentando disfarçar a alegria de sua vida em Bergues para a mulher, Philippe acabará encalacrado em embaraçosas situações quando ela decide juntar-se a ele.

O humor, portanto, vem do estranhamento das culturas aparentemente opostas, seja no modo de vida, seja pelo complicado sotaque Chitim. É daí que Dany Boon — aqui, no papel de Antoine, um dos subordinados de Philippe — retira a graça de seu roteiro.

No entanto, quem não tem familiaridade com o idioma francês terá certa dificuldade para entender as nuances de algumas situações, pontuadas pelas diferenças de pronúncia.

Sem que seja propriamente muito original ou surpreendente, o filme de Boon traz uma mensagem humorada dentro do que há de mais perverso na origem do preconceito: o simples desconhecimento.

Fonte: Reuters

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