‘Atraídos pelo Crime’ discute ética no mundo da polícia

(Foto: Divulgação) São Paulo – Desde que deixou o mundo da publicidade e do videoclipe, o diretor afro-americano Antoine Fuqua tem sido perseverante em uma filmografia quase monotemática sobre a […]

(Foto: Divulgação)

São Paulo – Desde que deixou o mundo da publicidade e do videoclipe, o diretor afro-americano Antoine Fuqua tem sido perseverante em uma filmografia quase monotemática sobre a corrupção policial. Um universo cujo maior destaque é, sem dúvida, “Dia de Treinamento”, que valeu o Oscar de melhor ator a Denzel Washington em 2001.

Com obras irregulares, como “Assassinos Substitutos” e “O Atirador”, Fuqua se coloca um desafio: como dar vigor e originalidade a histórias que ele próprio esmiuçou, com competência ou não, em outras ocasiões? O resultado pode ser visto em “Atraídos pelo Crime”, estreando em circuito nacional.

Escrito pelo principiante Michael C. Martin, o roteiro é formado por três conflitos, paralelos e complementares, protagonizados por policiais. O primeiro é o de Sal (Ethan Hawke, de “Dia de Treinamento”, pelo qual foi indicado ao Oscar de coadjuvante), cuja ética é posta em suspeição ao eliminar traficantes para tentar suprir as necessidades financeiras de sua família, que não para de crescer.

Do outro lado da lei há Eddie (Richard Gere), que, próximo da sua aposentadoria (sete dias, como ele mesmo repete), mostra-se combalido e indiferente ao seu entorno. Não por acaso, entra em choque com seus parceiros novatos, que o veem como uma figura covarde e pouco disposta a lutar pelo cumprimento da lei.

Por fim, há o agente infiltrado Clarence (Don Cheadle, de “Hotel Ruanda”), conhecido no mundo criminoso como Tango. Depois de ter sua vida salva pelo chefe do tráfico de Nova Jersey, Caz (Wesley Snipes, aqui, em uma participação especial), e perder a mulher por sua vida dúbia, passa a rever suas reais prioridades.

Com uma produção eficiente, Antoine Fuqua consegue demonstrar as nuances de seus personagens, sempre no limite entre o que é permitido e o que é permissivo. Embora o roteiro não possua a profundidade necessária para impressionar, para sair da rotina, as boas performances de Cheadle e Hawke conseguem sobressair mesmo diante de fracos diálogos. Exemplo disso é a primeira cena, em que Sal discute com Carlo (Vincent D’Onofrio) que não existe certo e errado na vida deles, mas sim o “mais correto e mais errado”.

Para aqueles que assistiram “Os Infiltrados”, de Martin Scorsese, ou mesmo “Dia de Treinamento”, sobra pouco para se impressionar em “Atraídos pelo Crime”. Como filme mediano, resta apenas uma mensagem final: pelo menos no Brooklyn (onde se passam as histórias), no mundo policial é melhor servir a mesa do almoço antes de ser servido como prato no jantar.

Fonte: Reuters

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