Filme de sábado

Cine TVT exibe ‘À Margem do Concreto’: um retrato dos que lutam pelo direito constitucional à moradia

Documentário que será exibido hoje à noite acompanha o dia a dia das ocupações e dos movimentos de luta por moradia. E mostra o drama dos sem-teto diante da situação de insegurança habitacional na maior cidade do país

Rovena Rosa | Agência Brasil
Rovena Rosa | Agência Brasil
À Margem do Concreto é o segundo filme de sua tetralogia sobre São Paulo iniciada com À Margem da Imagem, sobre pessoas em situação de rua

São Paulo – O Cine TVT deste sábado (1º) exibe o documentário À Margem do Concreto, que retrata a vida dos sem-teto e dos movimentos de moradia na cidade de São Paulo. O longa, que poderá ser conferido no canal 44.1 e no Youtube da TVT, às 21h30, expõe o drama, ainda atual, de quem sente na pele o impacto do déficit habitacional e tem de fazer justiça com as próprias mãos para acessar o direito constitucional à moradia digna.

Quando o documentário foi lançado, em 2006, a falta de habitação era estimada em São Paulo em 203,4 mil unidades, segundo dados o IBGE de 2000. Na outra ponta, a Fundação João Pinheiro contabilizava 254 mil moradias vazias na capital paulista, o suficiente para abrigar todos os sem-teto da cidade. Atualmente, de acordo levantamento da Agência Pública, a partir do IBGE de 2022, São Paulo não apenas permanece como o município com maior quantidade de habitações desocupadas, como tem 588 mil casas e apartamentos vagos. Mais do que o dobro do valor do início dos anos 2000 e de 2010.

Ao acompanhar a rotina de vidas das ocupações e mostrar o revezamento na limpeza dos prédios e as dificuldades de administração, o documentário também mostra a repressão do Estado, com bombas e violência, inclusive sobre crianças e idosos. Também desumanizados pela imprensa comercial ao serem taxados como “invasores” ou “baderneiros”. Ao longo dos 84 minutos do filme, a pergunta retórica do militante Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, resume bem as contradições reveladas pela obra.

Com ocupação no centro de São Paulo, 40 famílias se protegem do frio e da fome

Que democracia é essa?

“Que democracia é essa que deixa as pessoas debaixo dos viadutos, passando fome, sem ter onde morar?” questiona o então integrante do Movimento de Moradia do Centro (MMC). Gegê hoje faz parte da Central dos Movimentos Populares (CMP).

“Eles desafiam o direito à propriedade mas trazem para a discussão o valor social da habitação”, explicou o diretor da obra, Evaldo Mocarzel, em entrevista à Repórter Brasil, na época do lançamento.

À Margem do Concreto é o segundo filme de sua tetralogia sobre São Paulo iniciada com À Margem da Imagem, sobre pessoas em situação de rua, exibido no último sábado (24) pelo Cine TVT. Apesar das dificuldades, a equipe da obra também capta conquistas, como famílias conseguindo acesso à casa própria por meio da luta social.