‘Canção de Amor’ mostra diferentes impactos da 2ª Guerra

A diretora Karin Albou fala da condição feminina nas culturas judaica e muçulmana

Diretora Karin Albou ganhou prêmio de melhor roteiro em Cannes, em 2005, pelo filme “Pequena Jerusalém”(Foto: Divulgação)

São Paulo – Depois de um bem-sucedido início de carreira com o tocante “Pequena Jerusalém”, que lhe valeu o prêmio de melhor roteiro em Cannes, em 2005, a diretora Karin Albou volta a falar da condição feminina nas culturas judaica e muçulmana.

Desta vez, no entanto, em vez de Paris, a diretora vai a Tunísia, em meio à 2a Guerra Mundial, e mostra como os conflitos impactaram as relações entre essas comunidades. O resultado está em “Uma Canção de Amor”, que estreia nacionalmente na sexta-feira (4).

A história se centra na amizade entre as jovens Myriam (Lizzie Brocheré) e Nour (Olympe Borval). Amigas desde a infância, moram em uma vizinhança pobre, onde judeus e muçulmanos convivem em harmonia.

Por causa da religião, Nour não pode ir à escola e se vê noiva de seu primo Khaled (Najib Oudghiri). Enquanto isso, Myriam é forçada a casar com Raoul (Simon Abkarian, de “007 – Cassino Royale”), um médico rico e mais velho, após sua mãe (interpretada pela própria diretora) ter perdido o trabalho por ser judia.

A amizade entra elas começa a mudar com a invasão nazista, em 1942, quando a Tunísia, então protetorado da França (também invadida), é palco de combates. Responsabilizando os judeus como a causa dos conflitos, o Exército alemão começa a cooptar muçulmanos na perseguição a seus inimigos.

Khaled, que precisa de um emprego para se casar, passa a trabalhar para os nazistas, hostilizando a amizade de sua noiva, Nour, por Myriam. Entre a religião, a luta e a condição feminina, Karin Albou mantém sua delicada visão sobre a juventude em meio a desesperança.

A proposta ambiciosa do roteiro é executada com naturalidade pela diretora, que faz um delicado trabalho com suas protagonistas. Com uma narrativa dramática bem pontuada, “Uma Canção de Amor” — cujo título original e mais correto é “canção das noivas” — usa a sensibilidade contra a barbárie. E se sai muito bem.

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Fonte:Reuters