São Paulo – O músico e compositor Neil Young anunciou que vai se retirar do Spotify caso a plataforma mantenha no ar um podcast dos Estados Unidos comandado pelo comediante e apresentador Joe Rogan, que dissemina teorias conspiratórias e fake news sobre a pandemia de covid-19, recomendando que crianças e jovens não sejam vacinados contra a doença.

“Eu quero que você imediatamente deixe o Spotify saber HOJE que eu quero todas as minhas músicas fora de sua plataforma. Eles podem ter Rogan ou Young. Não os dois”, disse o cantor canadense em uma carta enviada à gravadora Warner e também à equipe que gerencia sua carreira, segundo a revista Rolling Stone.

“Estou fazendo isso porque o Spotify está espalhando informações falsas sobre vacinas – potencialmente causando a morte daqueles que acreditam na desinformação disseminada por eles”, escreveu Young. “Por favor, aja imediatamente hoje e me mantenha informado do horário.”

Em 2015, o artista já havia retirado todas as suas músicas dos serviços de streaming devido à baixa qualidade de som, mas em 2019 ele resolveu voltar. “É onde as pessoas acessam música e eu quero que as pessoas ouçam minha música”, apontou Young.

Spotify e fake news

Antes da atitude de Neil Young, 270 médicos e cientistas assinaram um carta aberta pedindo ao Spotify para parar de divulgar as fake news de Rogan. “Somos uma coalizão de cientistas, profissionais de Medicina, professores e comunicadores científicos que abrangem uma ampla gama de áreas como microbiologia, imunologia, epidemiologia e neurociência e estamos pedindo ao Spotify que tome medidas contra os eventos de desinformação em massa que continuam a ocorrer em sua plataforma”, diz o documento, que cita especificamente o podcast.

Os especialistas chamam a atenção para o fato de a idade média dos ouvintes do programa ser de 24 anos e, de acordo com dados do estado de Washington, jovens de 12 a 34 anos não vacinados têm 12 vezes mais chances de serem hospitalizados por conta da covid-19 do que aqueles que estão totalmente vacinados. “Não se trata apenas de uma preocupação científica ou médica; é uma questão sociológica de proporções devastadoras e o Spotify é responsável por permitir que essa atividade prospere em sua plataforma.”