CPI da Covid mostra urgência do combate às fake news
Advogado explica que disseminar mentiras e notícias falsas não é exercício de ‘liberdade de expressão”, como defendem bolsonaristas
Publicado 01/10/2021 - 10h53
São Paulo – A CPI da Covid ouviu os empresários bolsonaristas Luciano Hang e Otávio Fakoury nesta última semana, acusados de financiarem a disseminação de fake news durante a pandemia de covid-19. Para o advogado e procurador de Justiça aposentado do Ministério Público de São Paulo Roberto Tardelli, os depoimentos mostram a urgência de impedir essa prática, que pode influenciar o processo eleitoral de 2022.
“Precisamos garantir que essa ‘bactéria’ não influencie o voto. Nas eleições de 2018, todos conhecemos alguém que foi influenciado por uma notícia absurda. Esse inquérito (das fake news, instaurado no âmbito do Supremo Tribunal Federal) é fundamental para proteger a lisura do processo eleitoral”, afirmou Tardelli a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.
CPI da Covid e fake news
O empresário bolsonarista Otávio Fakoury usou seu depoimento na CPI da Covid, na última quinta-feira (30), para defender o negacionismo e propagar mentiras sobre vacinas e as medidas não-farmacológicas, como o uso de máscara. Alguns senadores enxergaram a prática de crimes nas falas do depoente.
Fakoury, sob o argumento de que se tratava de “sua opinião”, criticou a eficácia das vacinas, minimizou a segurança do uso de máscaras e exaltou medicamentos ineficazes para o tratamento da covid-19. No início da sessão, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) assumiu a presidência da comissão para responder a uma ofensa homofóbica publicada em postagem de rede social do empresário.
“Ora, você não emite uma opinião quando é homofóbico, é uma ofensa. Ele tem o direito de ser um idiota, a lei não proíbe isso, mas é crime endossar fake news. Emitir notícia mentirosa e distorcida não é opinião”, afirmou Roberto Tardelli. “Esta CPI foi uma das mais históricas que tivemos e vai trazer a única esperança de efetivar um impeachment desse presidente sociopata”, acrescentou.
Na quarta-feira (29), o dono das lojas Havan, Luciano Hang, foi à CPI da Covid. Ele é acusado de pertencer ao gabinete paralelo de aconselhamento de Jair Bolsonaro, promovendo ideias sem comprovação científica, como o “tratamento precoce” ou “preventivo” com medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina.