Em meio à turbulência

Refúgio, pós-colonialismo e mulheres norteiam 14ª Mostra Mundo Árabe de Cinema

Festival será realizado em São Paulo a partir de quarta. Serão 20 filmes, exibidos no Centro Cultural Banco do Brasil

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Cena do filme 'Meu Tecido Preferido', de Gaya Jiji. Diretoras terão destaque especial no festival

São Paulo – O Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) promove, a partir de quarta-feira (16), a 14ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, que vai até o dia 28. Serão exibidos 20 filmes de novos diretores árabes que se destacam por sua produção de alta qualidade e pela relevância política e cultural de suas obras. O evento será realizado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro da capital paulista.

Essa é a terceira rodada da Mostra, que já passou anteriormente pelo Cinesesc, entre 7 e 14 de agosto, e pela Aliança Francesa, no dia 28 daquele mês. Foram reunidas mais de 2.500 pessoas nessas ocasiões. As produções da Mostra estão divididas em três sessões: A Memória e seus encontros, A Chama da Insurreição e Do limite ao deslocamento.

Os temas centrais dos filmes, explica o diretor cultural do ICArabe, Arthur Jafet, são os desafios do mundo árabe em meio à crise de refugiados, ao terrorismo, ao pós-colonialismo, aos impactos da Primavera Árabe, ao clamor por mais liberdade de expressão, mas também o retorno às origens, a memória e a análise do passado frente a um novo cenário que se revela”.

O diretor tunisiano Lotfi Achour virá para um encontro com o público no sábado (19). É dele o filme que abre o evento; Esperança em Chamas (2017), além do inédito A Lei do Cordeiro (2019)A brasileira Joy Ernanny, diretora de Além do Véu (2018), também participará de uma conversa com a plateia, na sexta-feira (18).

O ICArabe, em nota, explica a relevância da mostra neste momento geopolítico. “Em meio à turbulência social e política de sua esfera, o mundo árabe vem apresentando um número crescente de cineastas talentosos, que buscam se recompor com maior criatividade e através de técnicas sofisticadas de filmagem expor ao público as questões que afligem a sua geração. Em virtude disso, observa-se uma presença cada vez maior da cinematografia árabe em festivais de grande envergadura, como Cannes, Veneza, Berlim, Locarno, Toronto e Sundance, além do Oscar e do César. Uma nova geração de cineastas talentosos está surgindo e se afirmando, trazendo as questões das sociedades árabes atuais para o primeiro plano.”

As dificuldades e os tabus sociais também são lembrados pela organização. Sete filmes apresentados são dirigidos por mulheres. “A despeito da auto-censura e dos tabus sociais, uma virtuosa geração de profissionais busca garantir a missão artística do cinema; granjeando visões, desafiando estereótipos e esboçando uma nova linguagem. Por intermédio de experiências estéticas diversas, traçam um panorama cinematográfico de seus países, onde estão presentes as marcas do neocolonialismo, do fervor da indignação popular; a análise do passado frente à crise identitária; e a situação dramática do deslocamento de povos”, completa o Instituto.

Os ingressos são gratuitos, mas recomenda-se chegar um tempo antes das sessões para garantir lugar. A programação completa pode ser conferida no site da Mostra.