Chamado ancestral

Ao ritmo das águas e da musicalidade afro-indígena, Héloa lança o álbum ‘Opará’

Cantora sergipana estará no programa "Hora do Rango" desta quinta-feira, a partir do meio-dia, na 98.9 FM

Larissa Bione
Larissa Bione
As 10 faixas do novo álbum de Héloa passeiam pelo Rio São Francisco, o sertão, os povos ribeirinhos e os saberes tradicionais das matrizes africanas e indígenas

São Paulo — Héloa é a convidada do programa Hora do Rango desta quinta-feira (5), a partir do meio-dia, na Rádio Brasil Atual. A cantora e compositora está lançando seu segundo álbum de estúdio, Opará. Segundo a artista, o novo trabalho tem o ritmo das águas e das marés como fio condutor das 10 faixas que o compõem.

“Esse disco surge de uma grande vivência e entrega ao universo religioso e sagrado do candomblé e indígena, marcado pela minha iniciação e consagração para o chamado ancestral. A partir daí se abre um novo olhar diante da minha própria carreira e vida. Mergulhei nas tradições afim de desconstruir e descolonizar cada vez mais meu pensamento e trazer uma produção horizontal e em consonância com o modo de vida desses povos. Refletindo sobre o tempo e o sagrado em mim”, explica a cantora sergipana.

Como resultado, o álbum traz o imaginário do Rio São Francisco, a magia do sertão, dos povos ribeirinhos, dos saberes tradicionais das matrizes africanas, indígenas e das diversas formas de resistência. Para as canções, além das faixas compostas pela própria artista, há uma em parceria com a baiana Luedji Luna e outras assinadas pelos mineiros Sérgio Pererê e Luiz Gabriel Lopes, além do paraense Saulo Duarte. A inspiração é a musicalidade afro-indígena e nordestina brasileira, em contato com a música negra produzida também em países como Cabo Verde, Angola, Cuba e Moçambique.

No disco, a voz de Héloa passeia entre o lírico e o popular, com sotaque e interpretações que lhe garantem versatilidade. Destaque para as participações especiais de Seu Mateus Aleluia, Fabiana Cozza, Mestrinho, indígenas da aldeia Kariri-Xocó e o grupo Mulheres Livres, um coral formado na Penitenciária Feminina de São Paulo, com seis sul-africanas e duas malaias que compartilham o talento que descobriram no cárcere.

O programa

Hora do Rango, apresentado por Colibri Vitta e premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), recebe ao vivo, de segunda a sexta-feira, ao meio-dia, sempre um convidado diferente com algo de novo, inusitado ou histórico para dizer e cantar. Os melhores momentos da semana são compilados e reapresentados aos sábados e domingos, no mesmo horário.