Até 3 de abril

Festival de cinema em São Paulo discute nascimento, infância e educação

Além de obras de audiovisual, Ciranda de Filmes promove debates entre educadores, pais e cineastas

Reprodução

“Escola de bambu” trata da guerra civil na Libéria, na década de 1980, que deixou 300 mil mortos

O nascimento, o aprendizado, os conflitos, as brincadeiras e a magia da infância estão em cartaz na mostra Ciranda de Filmes, no Cine Livraria Cultura, em São Paulo, até dia 3 de abril. Por meio de rodas de debate e da exibição de filmes nacionais e estrangeiros de várias épocas, o festival pretende promove o encontro de educadores, pais e interessados para debater temas ligados à infância e à educação.

Em co-produção entre a ONG Instituto Alana, o Circuito Cinearte e a Aiuê Produtora de Conteúdo, a Ciranda de Filmes pretende ser a primeira mostra de cinema com foco em educação e infância realizada no Brasil. Sob curadoria da cineasta Fernanda Heinz Figueiredo e da diretora do grupo Espaço de Cinema, Patrícia Durães, serão exibidos mais de 30 obras – curtas, médias e longas-metragens – vindas de diversos países, entre eles Argentina, Venezuela, Estados Unidos, França, Suíça e Brasil. A programação foi dividida em três eixos: “Nascimento e infância”, “Espaços de aprendizagem e educação” e “Movimentos de transformação”.

Nesta segunda-feira (31), o evento (fechado para convidados) contou com a pré-estreia do filme Tarja Branca, de Cacau Rhoden e com apresentação do músico e dançarino Antonio Nóbrega. Com entrada aberta e gratuita a partir desta terça (1º), o festival apresenta obras inéditas, como O Pequeno Fugitivo, filme norte-americano dos anos 1950 dirigido por Ray Ashley e Morris Engel, citado pelo cineasta François Truffaut como uma das obras inspiradoras da Nouvelle Vague.

Outro destaque, Sementes do Nosso Quintal, dirigido por Fernanda Heinz Figueiredo, será lançado no encerramento da mostra, no dia 3 de abril, às 19h. O longa retrata o cotidiano de uma escola de educação infantil onde a criança está acima de métodos e de formas “fechadas” de educação.

Segundo Patrícia Durães, a seleção das obras levou dez meses de curadoria. “Além de atentar para as novas propostas de transformação e mobilização, foi muito importante olharmos para os mestres do passado, educadores e pensadores que, de forma ousada e apaixonada, nos apontaram caminhos encorajando-nos a acreditar em uma educação verdadeira. Documentários como Imagine a School, Summerhill, As 200 Crianças do Dr. Korczak e Paulo Freire Contemporâneo fazem parte deste resgate.”

Brincar, aprender, construir

No eixo temático “Nascimento e infância”, serão exibidos Birth Story: Ina May Gaskin And The Farm Midwives, produção norte-americana que mostra um grupo de mulheres que mudou a forma de toda uma geração pensar o parto; Bebês é um filme francês que acompanha algumas crianças desde o nascimento até seus primeiros passos em diferentes culturas; e os nacionais Ô de Casa, sobre a construção de casinhas de brincadeira feitas por crianças e adolescentes em espaços públicos de todo o Brasil, e o poético Mitã, que discute educação, natureza, espiritualidade e cultura da criança.

O eixo “Espaços de aprendizagem e educação” exibe o documentário Vocacional – Uma Aventura Humana, sobre a experiência dos colégios vocacionais durante a década de 1960; o longa de animação brasileiro O Menino e o Mundo; o francês C’est Pas du Jeu, que analisa o modo como as crianças aprendem por meio dos jogos, na hora do recreio; a ficção Matei Copil Miner, dirigido pela romena Alexandra Gulea; e o documentário japonês Children Full of Life, em que crianças da quarta série buscam, em conjunto, maneiras de lidar com as relações complicadas, com a infelicidade e a perda de pessoas queridas.

Em “Movimentos de transformação”, os filmes provocam uma reflexão sobre as propostas e sistemas que buscam um novo significado do sentido da palavra educação. Na grade estão o argentino La Educación Prohibida; os norte-americanos Race To Nowhere e Free to Learn; e o curta brasileiro Escola de Bambu, em que Vinícius Zanotti conta a história da construção de uma escola em Fendell, na Libéria (África Ocidental), um dos países mais pobres do mundo.

As rodas de conversa devem reunir professores, arte-educadores, pesquisadores, médicos pedagogos, artistas plásticos e cineastas que estudam ou têm trabalhos ligados às áreas de infância e educação. O objetivo dos encontros é compartilhar com o público ideias e reflexões sobre a infância, seus processos de educação, os espaços de cultura e os caminhos para formar cidadãos transformadores.

Assista aos trailers:

Tarja Branca, de Cacau Rhoden:

Sementes do Nosso Quintal, de Fernanda Heinz Figueiredo:

 

Escola de Bambu, de Vinícius Zanotti (na íntegra).:

Ciranda de Filmes
Quando: de 1 a 3 de abril
Sessões: às 9h, 11h e 14h, com retirada de ingressos com 30 min. de antecedência
Rodas de conversa: às 16h, com retirada de ingressos a partir das 13h
Onde: Cine Livraria Cultura, no Conjunto Nacional – Avenida Paulista, 2073
Quanto: grátis, mediante cadastro prévio no site www.cirandadefilmes.com.br
Capacidade: 400 pessoas para a mostra e 300 para as rodas de conversa
Confira a programação completa em www.cirandadefilmes.com.br