‘A Missão do Gerente’ humaniza imigração em Israel

(Foto: Divulgação) São Paulo – Conhecido por filmes de temática social e política no Oriente Médio, caso de “A Noiva Síria” (2004) e “Lemon Tree” (2008), o cineasta israelense Eran […]

(Foto: Divulgação)

São Paulo – Conhecido por filmes de temática social e política no Oriente Médio, caso de “A Noiva Síria” (2004) e “Lemon Tree” (2008), o cineasta israelense Eran Riklis volta suas lentes para a imigração ilegal no mais recente drama, “A Missão do Gerente de Recursos Humanos”, estreando em São Paulo e Rio de Janeiro.

A imigrante ilegal que move toda a história, adaptada de um romance de Abraham B. Yehoshua (“A Mulher de Jerusalém”), é a única a ter nome e sobrenome: Yulia Petracke. E o fato de estar morta é o catalisador de uma série de situações tragicômicas envolvendo o gerente de recursos humanos de uma padaria industrial (Mark Ivanir, de “A Lista de Schindler”), que se torna responsável pelo repatriamento de seu corpo.

Mesmo sem ser culpado pela contratação ou pela morte da imigrante ilegal – que morreu num ataque suicida num ônibus -, o gerente tem sua rotina de vida totalmente desmontada pelo caso de Yulia, uma divorciada, cristã, vinda da Europa do Leste, que deixou um filho adolescente no país natal. Na realidade, trata-se da Romênia, onde ocorreu parte das filmagens, embora o país não seja nunca nominalmente identificado.

O caso de Yulia torna-se um prato cheio para um jornalista sensacionalista, conhecido pelo apelido de Weasel, interpretado por Guri Alfi. O repórter segue o gerente, fotografa-o e escreve seguidas matérias acusando a empresa de falta de humanidade. A dona da empresa (Gila Almagor) solta a batata quente nas mãos do gerente, também para limpar a imagem da firma.

Divorciado ele também, e com problemas envolvendo a ex-mulher e a filha adolescente, com quem mal consegue conviver, o gerente tem diante de si um árduo trabalho de reconstrução de histórias – a sua própria e a de Yulia, com quem acaba tendo mais de um ponto de contato.

Deixando de lado o eterno conflito entre palestinos e israelenses que está por trás do atentado que matou a imigrante, a história explora possibilidades de reconciliação. Como a do gerente com as próprias emoções, o que envolverá também a família da morta, especialmente seu filho (Noah Silver).

A viagem ao país de origem de Yulia envolve várias situações de virtual pesadelo para o gerente. Cada tentativa de sepultar a mulher esbarra num entrave burocrático, familiar, financeiro, exasperando o gerente, acossado pela chefe, pelo jornalista – que o seguiu na viagem – e também pelo comportamento bizarro da consulesa israelense no país (Rosina Kambus, premiada como melhor atriz coadjuvante pela Academia Israelense). A produção, aliás, venceu outros quatro troféus pela mesma academia: melhor filme, diretor, roteiro e som.

Permanecendo em cena praticamente o tempo todo, o ator ucraniano Mark Ivanir carrega as contradições e a humanização de um personagem de uma maneira sutil. Serve assim, à perfeição, para uma narrativa que, sem negar a emoção, evita sentimentalizações fáceis e soluções mágicas, já que nem tudo, afinal, pode ser redimido.

Fonte: Reuters

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