Em tom conciliatório, pontos de cultura vão a Brasília pressionar MinC e Congresso

São Paulo – Nesta terça-feira (24), chega a Brasília uma caravana de representantes de pontos de cultura. Diferentemente do que ocorreu nos primeiros meses do ano, o tom é de […]

São Paulo – Nesta terça-feira (24), chega a Brasília uma caravana de representantes de pontos de cultura. Diferentemente do que ocorreu nos primeiros meses do ano, o tom é de conciliação e busca der diálogo com o Ministério da Cultura, embora os ativistas prometam pressão para garantir “continuidade de fato” nas políticas do governo.

A caravana estende-se até esta sexta-feira (27) e inclui audiências com secretários do ministério, participação em audiência pública na Câmara dos Deputados e reunião da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura. De abrangência nacional, a mobilização é organizada autonoma e colaborativamente por ativistas do movimento.

É a primeira movimentação de pontos de cultura desde a crise – e aparente superação dela – no Ministério da Cultura. Iniciada por críticas à retirada do selo Creative Commons do site da pasta, as dificuldades de Ana de Hollanda alcançaram seu auge diante de acusações de proximidade excessiva com o Escritório Central de Arrecadação de Direitos (Ecad). Atritos com pontos de cultura agravaram o cenário. Na internet, diversos ativistas chegaram a pedir a saída da ministra.

Segundo Maria Sttela Cabral, do Pontão Setecidades e da Rede Pontos de Cultura de Diadema (região do ABC paulista), o momento é mesmo de mais diálogo do que no começo do governo. “Ainda há setores mais radicais que defendem a substituição de Ana de Hollanda, mas em que isso alteraria o problema da falta de recursos?”, avalia Sttela.

“É preciso entender também que uma coisa é o que o movimento reclama e pede, defendendo continuidade de governo. Outra é a forma como a imprensa se aproveitou de algumas de nossas falas para levar a seus jornais”, critica a ativista. Para ela, a maior parte da ação da mídia deve-se ao fato de Ana ser irmã do compositor, escritor e cantor Chico Buarque de Hollanda. “Se ela se chamasse ‘Chiquinha da Silva’ não teria sido atacada”, opina.

Em março, uma caravana de pontos de cultura paulistas foi a Brasília e conseguiu uma audiência com a ministra. Eles reivindicavam diálogo e transparência na condução de temas como a interrupção de repasses de recursos previstos em editais de 2009 e 2010. Depois do encontro com Ana e de outras reuniões com a secretária de Cidadania Cultural, Marta Porto, a relação melhorou.

“Ela (Ana) ainda tem dificuldade de compreender algumas coisas relacionadas ao Cultura Viva (programa do MinC ao qual os pontos de cultura estão associados)”, pondera Sttela. “A gente conhece melhor porque estamos dentro dessa política há mais tempo. Por isso queremos uma continuidade de fato e não só discurso vazio.”

Programação

Os artistas, educadores, estudantes, mestres e griôs, lideranças religiosas e comunitárias, midialivristas, geeks e brincantes de várias partes do país terão agenda cheia em defesa da continuidade e do avanço do Programa Cultura Viva. Nesta terça, eles reúnem-se com Marta Porto e a equipe da Secretaria de Cidadania Cultural.

Nesta quarta-feira (25), eles participam da Marcha Nacional dos Pontos de Cultura. O “cortejo cultural” irá rumar até o Congresso Nacional e será movido a sons de tambores, com artistas de rua, circenses, brincantes e manifestações da cultura popular. Na sede do Legislativo, há uma reunião com Ana de Hollanda e membros da Frente Parlamentar de Cultura.

No dia seguinte, esta quinta-feira (26), a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados promove audiência pública sobre o Projeto de Lei Cultura Viva. O texto tramita no Congresso e propõe consolidar o Cultura Viva como política permanente de Estado.

Ainda nesta quinta, começa a reunião da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura. O encontro será realizado na Universidade de Brasília (UnB) e segue até sexta-feira (27).