MinC tira Emir Sader da Casa de Rui Barbosa após polêmica

São Paulo – A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, cancelou a nomeação do sociólogo Emir Sader para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa. A decisão foi confirmada […]

São Paulo – A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, cancelou a nomeação do sociólogo Emir Sader para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa. A decisão foi confirmada em nota publicada nesta quarta-feira (2), no site da pasta. O novo nome ainda não foi definido.

Sader não havia chegado a assumir o cargo. No sábado, uma reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo trouxe declarações do sociólogo que qualificavam a ministra como “meio autista”, além de se referir a Gilberto Gil como “nego baiano”. O teor das declarações teriam desagradado a ministra.

Nos últimos três dias, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou contornar a crise, confirmou uma fonte no Palácio do Planalto. Algumas fontes apontavam que o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, defendia a permanência de Sader no cargo. Ele, no entanto, nega que tenha se envolvido. “Não me meti no assunto, não tomei qualquer iniciativa em relação a essa questão”, afirma, segundo sua assessoria de imprensa.

O sociólogo declarou, na terça-feira (1º), que a Folha de S.Paulotentava barrar a manifestação da diversidade. Sader defendia que a fundação fosse direcionada a estudar as transformações recentes no Brasil, especialmente as relacionadas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

PS.: O sociólogo Emir Sader divulgou nota agora à tarde sobre o caso. Leia abaixo:

Consultado sobre a possibilidade de assumir a direção da Fundação Casa de Rui Barbosa, elaborei proposta, expressa no texto “O trabalho intelectual no Brasil de hoje”. No documento proponho que, além das suas funções tradicionais, a Casa passasse a ser um espaço de debate pluralista sobre temas do Brasil contemporâneo, um déficit claro no plano intelectual atual.

Como se poderia esperar, setores que detiveram durante muito tempo o monopólio na formação da opinião pública reagiram com a brutalidade típica da direita brasileira. Paralelamente, o MINC tem assumido posições das quais discordo frontalmente, tornando impossível para mim trabalhar no Ministério, neste contexto.

Dificuldades adicionais, multiplicadas pelos setores da mídia conservadora, se acrescentaram, para tornar inviável que esse projeto pudesse se desenvolver na Casa de Rui Barbosa. Assim, o projeto será desenvolvido em outro espaço público, com todas as atividades enunciadas e com todo o empenho que sempre demonstrei no fortalecimento do pensamento crítico e na oposição ao pensamento único, assumindo com coragem e determinação os desafios que nos deixa o Brasil do Lula e que abre com esperança o Governo da Presidente Dilma.

Rio de Janeiro, 2 de março de 2011
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro