Ken Loach une comédia e futebol em ‘À Procura de Eric’

(Foto: Divulgação) SÃO PAULO (Reuters) – Dentro de campo, o jogador de futebol francês Eric Cantona, ex-dono da camisa 7 do Manchester United, costumava surpreender seus adversários, com jogadas ousadas […]

(Foto: Divulgação)

SÃO PAULO (Reuters) – Dentro de campo, o jogador de futebol francês Eric Cantona, ex-dono da camisa 7 do Manchester United, costumava surpreender seus adversários, com jogadas ousadas e gols incríveis. No começo deste ano, foi a hora de ele mostrar outros talentos fora do esporte, ao revelar-se até um ator razoável, além de coprodutor da comédia “À Procura de Eric”, do diretor inglês Ken Loach (“Ventos da Liberdade”).

O filme entra em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro.

A bem da verdade, deve-se admitir que o papel de Cantona no filme não oferece maiores dificuldades – até porque ele interpreta nada mais, nada menos, do que ele mesmo.

Nesta história de fundo humanista e com um leve toque de fantasia, Cantona é uma espécie de anjo da guarda do carteiro Eric (Steve Evets).

Divorciado, na meia-idade, guardião de dois enteados depois que a mulher o deixou, o Eric carteiro tem problemas como solidão, dinheiro, bebida e o envolvimento de um de seus garotos com gângsters. Seu ídolo Cantona começa misteriosamente a aparecer-lhe, guiando-o com conselhos, que o levam a mudar de atitude e enfrentar tudo isso e ainda uma velha questão do passado, uma pendência com o primeiro amor, Lily (Stephanie Bishop).

Como sempre no universo de Loach, há uma costura sutil, em mais um roteiro de Paul Laverty, seu colaborador habitual – em trabalhos como “Meu Nome é Joe” (98), “Pão e Rosas” (2000) e “Ventos da Liberdade” (Palma de Ouro em Cannes em 2006) -, ambientando a história num meio de classe média baixa, da qual fazem parte, além de Eric, seu afetuoso grupo de amigos – que protagonizarão uma divertida cena de vingança no final, que é melhor não revelar aqui.

Na coletiva de imprensa em Cannes, em maio passado, Loach, um habitual diretor de dramas sociais, contou ter simpatizado com a ideia de, como ele diz, “por um sorriso no rosto das pessoas”.

Para ele, a comédia é “uma tragédia com final feliz”. Por isso, acredita que esta história também poderia ser tratada como uma tragédia – e há elementos para isso.

O mais importante para ele não era o gênero e sim levar a história com muita verdade. O que, mais uma vez, ele conseguiu.

Cantona, por sua vez, surpreendeu meio mundo na mesma coletiva ao revelar seus gostos cinematográficos – que incluem, além de trabalhos do próprio Loach, como Riff-Raff, ninguém menos do que o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (“Decameron”, “Contos de Canterbury”), morto em 1975.

Fonte: Reuters

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