PT de Campinas defende manutenção de aliança na prefeitura apesar da crise

São Paulo – Em meio à crise política que ronda a prefeitura de Campinas, a 96 quilômetros da capital, o PT convive com pressões internas para deixar o governo comandado […]

São Paulo – Em meio à crise política que ronda a prefeitura de Campinas, a 96 quilômetros da capital, o PT convive com pressões internas para deixar o governo comandado por Dr. Hélio (PDT). O presidente municipal do PT, Ari Fernandes, afirma que pretende manter a aliança enquanto durarem as investigações a respeito das denúncias de corrupção.

Na semana passada, o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), e outros 11 acusados de envolvimento em um esquema de corrupção envolvendo pagamento de propina em licitações da prefeitura, foram acusados. Membros da direção da legenda na cidade e parte da militância desejam se desligar do governo. Eles consideram que a manutenção representaria “sujar” a imagem do partido para as eleições municipais de 2012.

Fernandes tenta colocar panos quentes e acalmar a ala mais exaltada. “Continuaremos no governo. Nossa posição é de defesa incondicional do (vice-prefeito) Demétrio Vilagra e confiança absoluta de suas posturas.” O presidente do PT em Campinas ainda alega que, até o momento, foram apresentadas apenas acusações sem provas. Ele afirma ainda que o partido quer que as apurações prossigam.

Entre os pontos a serem apurados estão menções a figuras do PSDB. O secretário estadual de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, figura próxima ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), José Henrique Reis Lobo, ex-presidente municipal do PSDB de São Paulo, e o deputado federal Ricardo Trípoli (SP), são mencionados em gravações. Apesar disso, o Ministério Público Estadual não incluiu os tucanos na investigação.

Para este sábado (4), está marcada uma reunião com membros do diretório municipal de Campinas e militantes. No encontro, a pressão deverá ser grande em favor de um rompimento com o governo, caberá ao presidente do Partido e aos que defendem a permanência da aliança acalmar os ânimos dos insatisfeitos.

Além de contar com a vice-prefeitura, o PT possui duas secretarias no executivo (a de Transportes e a de Trabalho e Renda) e diversos cargos do segundo e terceiro escalões. Para os que preferem o afastamento do governo, convencer o grupo que trabalha na prefeitura e aqueles que almejam ocupar vagas eventualmente abertas com as investigações seria a maior dificuldade.

Há ainda aspectos formais, como a necessidade de uma votação entre os filiados do partido. “A forma estatutária para sair de um governo de coligação seria fazer um outro encontro com os militantes e dirigentes partidários”, explica Fernandes.

Outros elementos políticos estão colocados. Um deles é a boa relação do prefeito municipal, Dr. Hélio, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um eventual rompimento soaria como um abandono do PT no momento de crise. O ex-presidente possui vínculo político com o prefeito desde a campanha de 2006.

Um dos petistas com cargo no executivo, o secretário municipal de Transportes, Sérgio Torrecilo, foi procurado pela Rede Brasil Atual, mas não atendeu aos pedidos de entrevista.