Em vez de moradia, prefeito de Itapevi intimida comunidades de ocupações

ameaça de expulsão

TVT / reprodução

Em luta por moradia, trabalhadores ocupam terreno em Itapevi e recebem discriminação como resposta da prefeitura

São Paulo – Cerca de 300 famílias moradoras de um terreno ocupado no bairro Bela Vista, da cidade de Itapevi, zona oeste da região metropolitana de São Paulo, denunciam intimidação, por parte da polícia e pressão moral da prefeitura da cidade, que mantém a comunidade sob a ameaça de expulsão. Para intensificar a investida, o prefeito Jaci Tadeu (PV) criou até um disque denúncia para que os moradores da cidade informem à prefeitura sobre terrenos ocupados.

Em reportagem da TVT, a integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Maria Alves da Silva, destaca o abandono municipal com relação às populações pobres e a falta de iniciativa de construção de moradias populares. “Elas moram sempre nas encostas, em moradia irregular, sem infraestrutura. A própria prefeitura não tem o compromisso de organizar essa demanda de moradia”, argumenta.

O prefeito Tadeu foi procurado pela reportagem para responder aos moradores sobre as práticas intimidatórias e para falar sobre as políticas de moradia que planeja para a cidade, mas não respondeu. Apenas informou, em nota, que “a criação do disque denúncia visa impedir o crescimento desordenado e valorizar os cidadãos que cumprem as diretrizes estabelecidas pela municipalidade”.

O representante do MST, Michel Navarro, conta que a ideia da prefeitura é tentar colocar os trabalhadores da ocupação contra os moradores do entorno do terreno. Apesar disso, os moradores do local demonstram apoio à ocupação. “Se o terreno realmente não tem dono, ou está irregular pelo não-pagamento das prestações, os trabalhadores devem ocupá-lo. O prefeito deveria apoiar esse pessoal”, ressalta o ajudante de pedreiro, Antônio Lacerda, morador do entorno. Lacerda ainda afirma que não denunciaria qualquer tipo de ocupação.

O morador do Bela Vista, Danilo de Oliveira, também apoia a causa dos trabalhadores ocupados. “Quem não tem terreno precisa conquistar seu espaço. É um terreno baldio que está desocupado, e cada um se vira como pode”, afirma. “Todas essas terras que deveriam ser dedicadas à construção de moradias populares estão funcionando para a especulação imobiliária”, reforça o integrante do MST, Michel Navarro.