Municípios da região serrana do Rio têm áreas em estado de calamidade pública

Rio de Janeiro – Cerca de 75 mil pessoas estão sem energia em municípios da região serrana do Rio de Janeiro. A interrupção no serviço foi provocada pelo forte temporal […]

Rio de Janeiro – Cerca de 75 mil pessoas estão sem energia em municípios da região serrana do Rio de Janeiro. A interrupção no serviço foi provocada pelo forte temporal que atingiu a área na noite desta terça (11) e na madrugada desta quarta-feira (12). Por causa da falta de luz e também dos alagamentos, o comércio não abriu as portas em Friburgo e em alguns bairros de Teresópolis.

Entre as lojas prejudicadas está a padaria Nova Friburgo, na Avenida Getúlio Vargas, no centro do município. “Com o transbordamento do rio que corta o centro, a água invadiu a padaria na noite de ontem e perdemos a mercadoria toda que estava em exposição nas gôndolas, além de várias sacas de farinha. As máquinas de fazer o pão ficaram submersas e não sei se têm conserto. Hoje não deu nem para entrar na loja”, lamentou o proprietário, João Sérgio.

De acordo com nota divulgada pela concessionária responsável pelo fornecimento de eletricidade na região, a chuva causou danos ao sistema de transmissão e os municípios mais atingidos foram Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto.

O restabelecimento do serviço é prejudicado pela dificuldade de deslocamento das as equipes de manutenção, já que houve diversos deslizamentos de terra e há muitos pontos de alagamento. Os desmoronamentos derrubaram postes e fiação elétrica.

“Em razão da dificuldade de acesso a algumas áreas, a distribuidora mobilizou um helicóptero para levar equipamentos e equipes técnicas aos locais mais atingidos”, informa a nota.

Ainda segundo o documento, as equipes estão priorizando o restabelecimento da energia em hospitais e em sistemas de telecomunicações. Todo o trabalho é feito em conjunto com a Defesa Civil. Em algumas áreas, a situação vai demorar para ser normalizada por motivo de segurança, até que seja feita a inspeção das regiões atingidas.

A concessionária também informou que deslocou várias equipes de outros municípios de sua área de concessão para a Região Serrana a fim de dar prioridade ao atendimento às cidades mais prejudicadas.

Estado de calamidade

A chuva deu uma trégua no município de Friburgo, mas a situação ainda é bastante crítica na cidade. O nível do Rio Bengalas, que subiu durante a madrugada, inundando várias vias da cidade, já baixou, mas há muita sujeira e lama espalhadas por diversas partes.

De acordo com o diretor-geral da Defesa Civil do estado, coronel Marcos Rossi, até as 11h desta quarta (12) havia três mortes confirmadas oficialmente em Friburgo. Pelo menos mais seis pessoas estão soterradas, entre elas três bombeiros que foram atingidos por um desmoronamento enquanto trabalhavam no resgate de outros três moradores, no centro da cidade.

Falta luz na região e o funcionamento do transporte coletivo está bastante precário. Segundo moradores, os ônibus não circulam em diversos pontos. O serviço de telefonia também está prejudicado.

“A situação está caótica. É lama por toda parte. Estou ilhada no meu apartamento. A água tomou conta do primeiro andar da garagem do meu prédio e quase inundou o segundo. Não consigo sair de casa para trabalhar”, disse a gerente comercial Mirian Manhãs, moradora do centro de Friburgo.

Segundo ela, boa parte do comércio da cidade também está fechado. “A gente está tentando acompanhar a situação pelo telefone, mas até isso está difícil porque a ligação, quando consegue completar, cai toda hora. O comércio está de portas fechadas. Os poucos que conseguem chegar às lojas só podem trabalhar para tirar a lama que invadiu tudo”, acrescentou.

A prefeitura montou um hospital de campanha para prestar atendimento aos feridos nos desabamentos. Por volta das 13h, a cidade havia decretado estado de calamidade pública.

O relações públicas do Corpo de Bombeiros, tenente coronel Alex Rocha, informou que cerca de 70 homens de quartéis da capital fluminense foram deslocados para a região para dar suporte no resgate de vítimas.

Mortes em Teresópolis

As chuvas também deixaram pelo menos 32 mortos. Segundo a prefeitura, em apenas cinco horas choveu 140 milímetros, o equivalente ao volume esperado para o mês inteiro.

De acordo com as autoridades, as mortes ocorreram nas localidades de Vale Feliz, Poço dos Peixes, Jardim Serrano, Parque do Imbuí, Barra do Imbuí, Posse e Bonsucesso. A Defesa Civil e os bombeiros ainda não conseguiram chegar a alguns bairros de Teresópolis devido à queda de barreiras, que obstruíram vias de acesso a esses locais.

Fonte: Agência Brasil