Moradores de Acari acusam polícia do RJ de aumentar extorsão com operações

Helicóptero sobrevoa favela de Acari. Movimentos denunciam abusos em operações (Foto: Rede Contra a Violência) As operações da Polícia Militar na favela do Acari, no Rio de Janeiro, foram intensificaram […]

Helicóptero sobrevoa favela de Acari. Movimentos denunciam abusos em operações (Foto: Rede Contra a Violência)

As operações da Polícia Militar na favela do Acari, no Rio de Janeiro, foram intensificaram no último mês. Segundo moradores e movimentos sociais de defesa dos direitos humanos, as ações tem usado como pretexto a necessidade de se evitar um confronto entre traficantes para ampliar abusos, como extorsões, sequestros, ameaças e agressões.

Uma manifestação está sendo preparada para este sábado (5), em frente ao Hospital de Acari, quando o ONG Anistia Internacional visita a comunidade. A Subprocuradoria de Direitos Humanos do Ministério Público, o Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública e a Comissão de Direitos Humanos da Alerj devem ser acionadas.

“Mas sabemos que isso é parte de uma luta muito maior, contra este Estado genocida que pratica um extermínio diário da população pobre e negra no Brasil”, afirma a denúncia da Rede. “Somente a organização e a luta popular, em primeiro lugar das próprias comunidades atingidas por essa violência do Estado, poderá mudar de fato essa terrível realidade em que vivemos”, prossegue.

Acari fica na zona norte do Rio de Janeiro. O tráfico de drogas na é controlado pelo Terceiro Comando, com ameaças de confrontos com a Amigos dos Amigos (ADA) na favela da Pedreira. O 9º Batalhão da PM, a Delegacia de Combate às Drogas (Decod), a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), promoveram uma escalada de intervenções desde o início de novembro.

As denúncias de abusos foram levantadas pela Rede contra a Violência em reunião na semana passada entre representantes da Associação de Moradores do Amarelinho e organizações locais, além da ONGs como Justiça Global, Instituto dos Defensores de Direitos Humanos (IDDH), Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo), Movimento Negro Unificado (MNU), Movimento Popular de Favelas (MPF) e da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado.

No dia 23, durante uma operação, policiais militares instalaram-se sobre a laje de uma casa em frente de uma creche da comunidade. Houve disparos por volta das 16h40, horário em que as crianças deixavam o local, causando pânico entre moradores.

A Rede relata ainda um sequestro relâmpago no dia 12 de novembro protagonizado por policiais durante o dia inteiro. Diante da denúncia ao comando da PM, a moradora teria sido libertada no fim da tarde.

Uma denúncia de assassinato também é feita pela Rede. Jorge Erê, envolvido com o tráfico de drogas na favela, teria se rendido ao ser surpreendido no dia 6 de novembro por policiais civis. Segundo testemunhas, mesmo rendido, foi baleado na perna, apresentado à imprensa e colocado na ambulância da polícia ainda com vida.

Pouco depois a polícia informou que Erê havia morrido no hospital por não ter resistido aos ferimentos. O laudo médico indica duas perfurações por arma de fogo no peito e na barriga que o morador “aparentemente não tinha quando foi levado pela ambulância”.

Mães de Maio

As Mães de Maio, organização de familiares das vítimas da violência dos ataques de maio de 2006 em São Paulo, divulgou comunicado na semana passada se solidarizando com os moradores de Acari.

“Conforme já tínhamos notícia, e pudemos comprovar, a Favela de Acari passa há mais de um mês por graves perturbações e sofrimentos devido a ‘operações’ violentas das polícias Civil e Militar”, diz o comunicado. “Há diversas denúncias de execuções sumárias, agressões, violações de domicílio, ação irresponsável de policiais colocando em risco moradores e moradoras e crianças em particular, principalmente as negras”, prossegue.