Situação da Vila Itororó em SP está indefinida. Moradores temem despejo

Líder comunitária afirma que representante da CDHU prevê entrega de conjunto habitacional para em abril. Companhia assegura que será ainda em dezembro

Para moradores, CDHU teria dito que novos imóveis não serão entregues esse ano. Informação diverge da passada à RBA (Foto: Danilo Ramos)

São Paulo – A situação dos moradores da Vila Itororó, no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo, está indefinida. Segundo a líder comunitária Antônia Cândido, moradora do local há 30 anos, o assessor da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) Antônio Lajarin teria afirmado na manhã de hoje (19) durante reunião que “não existe nenhuma probabilidade” de os apartamentos do conjunto habitacional Bom Retiro C destinados aos remanescentes da vila operária serem entregues ainda este ano.

No entanto, a CDHU reafirmou que a entrega dos imóveis acontecerá este mês. A assessoria informou desconhecer o teor da reunião de representantes da companhia com os moradores da vila, mas reiterou as informações passadas à RBA e publicadas na última segunda-feira (17).

“Para finalizar o atendimento ao público-alvo da Vila Itororó, por solicitação da prefeitura, a CDHU destinou mais 19 unidades no empreendimento Bom Retiro C, que está previsto para ser entregue até o fim de deste mês”, diz a nota.

“Para nós eles disseram que não havia a menor probabilidade de ser agora. O que eles vão fazer é entrar em contato com a Fazenda Pública e pedir garantias de que o despejo não aconteça até a entrega das unidades”, disse Antônia. 

A vila foi construída entre 1921 e 1929 e desde os anos 1940 passou a ser ocupada por trabalhadores. Em dezembro de 2011, cerca de 70 famílias foram retiradas da área e transferidas para unidades habitacionais da CDHU. Estado e prefeitura pretendem demolir as casas improvisadas integradas ao projeto original e restaurar o conjunto arquitetônico parar transformá-lo em um centro cultural e gastronômico.

Desde novembro, a transferência da área para a prefeitura está documentada, o que permite que a reintegração de posse aconteça a qualquer momento. No início do mês, um homem identificado aos moradores como oficial de Justiça esteve no local e disse que eles deveriam sair até o dia 14, no entanto, não apresentou nenhum documento. A informação criou o temor de que o despejo ocorresse sem que as sete famílias remanescentes tivessem atendimento. 

Um conjunto habitacional em construção no bairro do Bom Retiro tinha data de entrega prevista para a primeira quinzena de dezembro. Mas os moradores tiveram informação extraoficial, antes mesmo da reunião de hoje, de que a obra só ficaria pronta em abril.

Com a informação que dizem ter recebido hoje da CDHU, os moradores irão reforçar as tentativas de conseguir atendimento do auxílio-aluguel do município para poder esperar a conclusão dos apartamentos em outro lugar. O mau estado de conservação e a ausência de outros moradores tornam a permanência difícil. “Eu adoro a minha casa, mas a forma como a vila está deixa psicologicamente pesada a permanência lá”, lamenta Antônia.