Governos federal e paulista não dialogam sobre obras da Copa do Mundo

Ministério do Esporte não vai opinar sobre atraso de obras do monotrilho porque ainda não foi avisado pelo governador Geraldo Alckmin

Atrasadas, as obras do monotrilho não serão um legado da Copa para a cidade, admitiu Geraldo Alckmin (©Mauricio Camargo/Brazil Photo Press/Folhapress)

São Paulo – Aparentemente, o governo de São Paulo e o governo federal não andam conversando sobre o rumo das obras para a Copa do Mundo de 2014. Os últimos eventos indicam brechas na relação entre eles. Na última terça-feira (6), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou que o trecho 1 da linha 17-Ouro do Metrô, na verdade um monotrilho que ligará o aeroporto de Congonhas ao bairro do Morumbi, não vai ficar pronto até a Copa. Questionado, o Ministério do Esporte informou não ter sido notificado sobre qualquer problema na execução da obra.

Esse atraso não seria nada excepcional, não fosse o fato de que esta obra consta como único projeto de mobilidade urbana da Copa para São Paulo com apoio federal, tendo um financiamento de R$ 1,8 bilhão, via Ministério do Esporte, de acordo com o Portal da Transparência. Um dos objetivos da obra é ligar o aeroporto à zona hoteleira da cidade, localizada na região da avenida Luís Carlos Berrini, o que facilitaria a locomoção dos turistas que chegariam à cidade para assistir aos jogos. A assessoria do Esporte informou que, não tendo sido oficialmente comunicado, o ministério não iria se pronunciar.

No entanto, o atraso nas obras foi notícia em vários veículos de comunicação, com declarações do governador de São Paulo e de seu secretário dos Transportes Metropolitanos, sendo, portanto, publicamente conhecido. O monotrilho da linha 17-Ouro do Metrô consta do PAC da Mobilidade Urbana, que lista os projetos de transporte público para a Copa de 2014. Fica a dúvida: não deveria o ministério participar ativamente do processo e fiscalizar o cronograma da obra, para garantir que este projeto seja concluído já que a cidade apresenta tantos problemas no trânsito?

Porém, isso não parece preocupar o ministério. De acordo com sua assessoria, o Comitê Gestor da Copa (CGCopa) deverá discutir o problema em alguma de suas reuniões – a próxima será na semana que vem –, mas não se sabe informar a data exata para o assunto entrar em pauta. Apesar disso, caso a obra não possa mesmo ficar pronta até a Copa, provavelmente será remanejada para outro programa de infraestrutura, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sem prejuízo de seu financiamento.

Outra questão que chama a atenção em relação à organização da Copa do Mundo é o fato de que o comitê organizador de São Paulo não possui nenhum representante do governo federal, assim como o CGCopa não tem entre seus membros nenhum representante dos governos estaduais ou municipais que receberão os jogos do torneio. Assim, as decisões tomadas no comitê de uma esfera de governo não contam com a participação da outra.

Na manhã de ontem (8), foi realizado o anúncio das cidades-sede da Copa das Confederações 2013. O evento foi realizado em São Paulo, com a presença do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL), José Maria Marin, do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, além de representantes da Federação Internacional de Futebol (Fifa). O governador Geraldo Alckmin e o prefeito da capital, Gilberto Kassab, não estiveram presentes.

Questionada sobre a possibilidade de desenvolver ações para evitar o atraso nas obras do monotrilho para a Copa e sobre a relação com o governo federal no seu desenvolvimento, a assessoria de imprensa da Secretaria de Transportes Metropolitanos se limitou a informar que a não conclusão da obra no prazo previsto se deve a demora na obtenção da licença ambiental para construção.