São Paulo – A unidade da Fundação Casa Encosta Norte, no Itaim Paulista, onde ontem (4) ocorreu uma rebelião que terminou com três funcionários hospitalizados, coleciona denúncias de agressões aos internos, segundo a Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

A entidade informou, por meio da assessoria de imprensa, que realiza inspeções periódicas na unidade e que os relatos de maus-tratos são comuns. As denúncias são encaminhadas para a juíza corregedora da Fundação Casa, que já abriu investigações, segundo a Defensoria.

“Nos últimos meses esse tipo de problema tem ocorrido com certa frequência na Fundação Casa. É preciso investigar qual o real problema: é perda de controle da situação? É reação a maus-tratos?”, questiona o membro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescentes (Condeca), Ariel de Castro Alves.

Segundo ele, a unidade não é considerada uma das mais problemáticas e abriga em principal adolescentes mais jovens e sem reincidência. Ao todo, 55 adolescentes estão internados na unidade, que tem capacidade para abrigar 60 pessoas.

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O sindicato que representa os trabalhadores da Fundação Casa (Sintraemfa) confirmou que situações classificadas como tumulto têm sido comuns. De acordo com a entidade, o número de profissionais em cada unidade é insuficiente para a quantidade de internos.

A rebelião começou por volta das 16h30, após uma tentativa mal-sucedida de fuga. Em seguida, sete funcionários foram feitos reféns. Em um primeiro momento dois foram liberados, mas cinco permaneceram com os internos até as 18h30, quando a Superintendência de Segurança negociou sua liberação.

Dos reféns, três foram encaminhados ao hospital. Um deles levou um golpe na cabeça que abriu um corte próximo à orelha. O diretor da unidade foi socorrido com suspeita de ter um dos braços quebrados.

A Corregedoria Geral da Fundação Casa confirmou, por nota, a tentativa frustrada de fuga, enquanto um grupo de jovens participava das atividades de rotina da unidade e afirmou que já instaurou uma sindicância para apurar o caso.

“O Grupo de Apoio da Fundação Casa, formado exclusivamente por servidores da instituição, fez uma revista no local”, diz o texto. “Todos os jovens envolvidos passarão por uma Comissão de Avaliação Disciplinar (CAD) para análise de sanções disciplinares a serem aplicadas. A comissão é formada por servidores de várias áreas do próprio centro socioeducativo.”

No dia 12 de novembro de 2012, 45 dos 46 jovens internos na instituição fugiram. Os adolescentes renderam os funcionários no refeitório com pedaços de pau e estouraram os portões.