Arte na favela

Um teatro para Heliópolis, um espaço dos jovens artistas

Campanha para captação de recursos foi lançada hoje, em São Paulo, com a presença da ministra Margareth Menezes

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Com 200 mil moradores, Heliópolis ainda não tem um teatro

São Paulo – Heliópolis, na região do Sacomã, zona sul paulistana, ganhará um teatro com 530 lugares. Será o primeiro naquela área de 200 mil habitantes, a maior favela da capital, que já viu nascer uma orquestra sinfônica – com o maestro Isaac Karabtchevsky como diretor artístico. Assim, a campanha para captação de recursos foi lançada nesta quinta (9), na B3, a Bolsa de Valores. Com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, do secretário estadual de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif Domingos, e do prefeito paulistano, Ricardo Nunes.

Assim, com a lei de incentivo e apoio privado, a expectativa é de conseguir os recursos para erguer o teatro em terreno cedido pela prefeitura. O local se chamará Teatro Baccarelli. Homenagem ao maestro Silvio Baccarelli, que em 1996 criou laços com a comunidade após um incêndio no local. Ele criou naquele período o instituto que leva seu nome para levar educação musical às crianças – inicialmente, 30. Hoje, são aproximadamente 1.200. O maestro morreu em 2019, aos 87 anos.

Transformação pela arte

No ano passado, o Instituto Baccarelli assumiu a gestão de 12 unidades dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), em contrato com a Secretaria Municipal de Educação. “Nós, artistas, sabemos o quanto o palco é transformador”, afirmou o diretor executivo da organização, Edilson Ventureli. “Acredito que um palco como esse na favela de Heliópolis vai diminuir, inclusive, a violência doméstica.”

O projeto do teatro de Heliópolis, que terá 530 lugares (Foto: divlgação)

Segundo ele, o teatro será um espaço não apenas para música erudita e para os jovens artistas locais se apresentarem, mas para diversos eventos da cidade. Além de movimentar a própria economia da região, capacitando moradores de Heliópolis para atividades relacionadas ao equipamentos cultural. “Isto aqui é o sonho de muita gente.”

Doação de empresas

Como Laura Ferreira Alves, de 14 anos, moradora de Heliópolis, que conheceu o instituto aos 4. “Eu queria tanto, mas tanto, que aprendi quatro músicas sozinha nos meus primeiros dias de aula.”

Estimado em R$ 37 milhões, o projeto será financiado por meio de cotas (apoio, copatrocinador, patrocinador, patrono e mantenedor, conforme o valor doado). A própria B3 foi a primeira doadora, enquanto a Sabesp também vai patrocinar a iniciativa. Durante o evento, o Itaú Social comunicou aporte de R$ 4 milhões.

Mudanças na lei de fomento

“A arte e a cultura têm o poder de nos despertar. Transforma as pessoas, salva vidas”, afirmou a ministra Margareth Menezes, lembrando de suas origens artísticas. Uma base social sólida, como afirmou, pode reconfigurar tanto o bairro de Heliópolis como a cidade.

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Ela anunciou ainda que o governo pretende “reconfigurar” a Lei Rouanet, de fomento à cultura, com um novo marco regulatório. “A cultura é um meio de desenvolvimento, e precisamos destravar esse setor. (…) A Lei Rouanet está vindo com um decreto novo para descentralizar mais, sensibilizar as empresas, para que esses investimentos cheguem a todo o Brasil.” Ainda segundo Margareth Menezes, ainda neste mês deve ter início o repasse de recursos das leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo.