VIOLÊNCIA NO CAMPO

PF prende garimpeiro por ataque a tiros contra yanomamis em abril

Suspeito estava foragido desde junho e não teve o nome revelado. Disparos mataram um índigena de 36 anos, atingido na cabeça, e feriu outros dois

(twitter/JYanomami)
(twitter/JYanomami)
Disparos mataram um e feriram dois indígenas

São Paulo – A Polícia Federal informou neste sábado (5) ter prendido um garimpeiro suspeito de ser autor de disparos contra a Terra Yanomami, em Roraima, em abril. Um indígena, Ilson Xiriana, morreu após ser atingido na cabeça e dois outros ficaram feridos. O nome do preso nesta sexta (4) não foi informado. Pesava contra ele um mandado de prisão expedido pela 4ª Vara Federal Criminal de Roraima e o suspeito era considerado foragido desde junho.

O ataque de garimpeiros armados ocorreu na comunidade Uxiú no dia 29 de abril. Ilson Xiriana tinha 36 anos e trabalhava como agente de saúde comunitário. Os outros dois atingidos tinham 24 e 31 anos e receberam os primeiros socorros no Centro de Referência de Saúde Indígena, ainda em território yanomami. No dia seguinte deram entrada no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista.

PF no caso

Na ocasião, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública investigação pela Polícia Federal (PF). No domingo, duas equipes da PF foram até o local para fazer perícia e colher depoimentos.

A operação para prender o suspeito ocorreu na sexta-feira (4) e contou com o apoio da Polícia Militar de Roraima (PMRR). De acordo com a Polícia Federal, ações para expulsar invasores continuam ocorrendo, em operações integradas com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as Forças Armadas, a Força Nacional de Segurança Pública e a Funai.

Novas operações

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou neste sábado (5) que estão em curso medidas prévias necessárias para iniciar a retirada de invasores, a chamada desintrusão, de terras indígenas (TI). Em março, o governo federal prometeu ação em pelo menos seis delas. “Existem questões que envolvem inteligência e aspectos de segurança que você não fica falando antecipadamente o dia que vai começar a operação quando você lida com criminosos. Então, esse processo está em curso”, informou Marina.

Desde fevereiro, o Brasil viu diferentes processos de retirada de invasores de territórios indígenas, como no caso de terras Yanomami e do Alto Rio Guamá. Dados recentes do sistema de satélites de monitoramento da Amazônia indicaram que não tem havido o avanço de novos garimpos na TI Yanomami após as operações na região.

Porém, outros territórios, como os dos mundukuru e dos kayapó, seguem sem operações para desintrusão de invasores. As TI dessas duas etnias estão entre as com maior número de pistas de pouso clandestinas identificadas por levantamento do MapBiomas.

É tudo invasão

Marina Silva defende a retirada de não indígenas de TIs mesmo quando não se tratar de pessoas envolvidas com crime. Segundo ela, usa-se o argumento da questão social para defender a manutenção dessas comunidades. “O que tem que se fazer com as populações que estavam lá é dar um encaminhamento. Mas tem que ficar bem claro que era uma invasão indevida”, acrescentou a ministra, após participar de painel no evento Diálogos Amazônicos.

*com informações da Agência Brasil


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