Guerra civil

Polícia indicia três pessoas pela morte de policial no Guarujá; ouvidor da Polícia recebe ameaças

Os indiciados devem responder pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e associação ao tráfico de drogas. Ameaça feita em grupo de aplicativo diz que quem apoia o ouvidor deve morrer também

Divulgação/SSP-SP
Divulgação/SSP-SP
Na primeira fase da operação Escudo, de julho a setembro, a PM deixou 28 mortos

São Paulo – A Polícia Civil de São Paulo indiciou três suspeitos de participação no assassinato do policial militar Patrick Bastos dos Reis. O soldado da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) foi baleado no último dia 27 de julho, no Guarujá, litoral paulista. Um outro policial ficou ferido na mão na ocasião.

Os três indiciados deverão responder pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e associação ao tráfico de drogas. Um deles foi preso em flagrante e os outros dois tiveram prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça.

Execuções

Após a morte do policial, o governo estadual lançou na Baixada Santista a Operação Escudo. Desde o dia 28 de julho, a ação já deixou 16 mortos na região. Moradores relatam abusos, como tortura e execuções. As denúncias foram colhidas por uma comissão que esteve no Guarujá, com representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), da Defensoria Pública estadual, da Ouvidoria de Polícia do Estado de São Paulo, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e parlamentares.

“O que a gente ouviu de vítimas, nem posso chamá-las de testemunhas, porque elas foram todas vítimas, foi [que houve] abordagens sistemáticas, contínuas, de pessoas dentro de casa, na rua, [de] policiais entrando na casa das pessoas sem mandado judicial, sem nenhuma justificativa, e fazendo chamado a quem era egresso do sistema prisional ou que tivesse passagem pela polícia”, disse a deputada estadual Mônica Seixas (PSOL), integrante da comissão, em entrevista à Agência Brasil na quarta-feira (2).

As denúncias de abusos levaram essas organizações de direitos humanos a pedir o fim imediato da Operação Escudo em uma carta divulgada na sexta-feira (4). “O governador do estado não pode, antes de concluir todas as apurações detalhadas e técnicas pelos órgãos competentes, declarar que a operação está sendo bem-sucedida. No afã de, no seu dizer, combater o crime organizado até o momento a operação deixou dezenas de mortos civis e impinge à comunidade um ambiente de total insegurança”, diz o documento.

Prisões

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, em oito dias a Operação Escudo prendeu 147 pessoas e apreendeu 478 quilos de drogas. De acordo com a pasta “a ação segue para sufocar o tráfico de drogas e desarticular o crime organizado na Baixada Santista”.

Ameaça de morte ao Ouvidor das polícias

Cláudio Silva, ouvidor de Polícia do Estado de São Paulo, recebeu mensagens com ameaça de morte e racismo em grupo de WhatsApp batizado de “Polícia Penas Assuntos”. “Tem que morrer também”, escreveu um homem.

Silva registrou um boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do DHPP.

“Eu falo o que falo, porque não sou hipócrita”, escreveu o homem num dos posts.

Numa outra mensagem, ele voltou à carga ameaçadora: “Não podemos tapar o sol com a peneira e fingir que nada está acontecendo, demorou pra matar esses vagabundos e quem estiver apoiando bandido igual esse negro maldito e esse ouvidor das polícias, tem que morrer também. Essa é a minha opinião. Vai virar uma guerra eu estou pronto”.

O número telefônico e o nome do suspeito, identificado como Hélio, estão com a Polícia Civil. Ele é servidor público aposentado. Com informações da Agência Brasil e do G1


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