Responsabilização

Organizações do movimento negro cobram providências sobre caso de racismo no Metrô de São Paulo

Violência dos agentes de segurança da companhia contra um passageiro negro foi registrada no dia 20 de novembro

Reprodução
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De acordo com a advogada, especialista em direitos humanos Sheila de Carvalho, o intuito da representação é mostrar "o racismo escancarado que existe dentro da empresa"

São Paulo – A Uneafro Brasil e o Instituto de Referência Negra Peregum ingressaram na última sexta-feira (22) com representação na Promotoria de Justiça de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo. As entidades pedem providências sobre o caso de racismo ocorrido em 20 de novembro, na estação Anhangabaú, linha 3-Vermelha do Metrô.

Imagens que viralizaram nas redes sociais mostram a violência de agentes de segurança da estação contra um passageiro negro, que estava com seu filho, um bebê de colo.  Além de o agredirem física e moralmente, na abordagem os agentes também executaram uma prática já banida pela polícia de São Paulo, chamada de “mata leão”.

As organizações do movimento negro também notificaram o diretor-presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo, Silvani Alves Pereira, pedindo respostas da empresa.

Histórico de violência racial

De acordo com a advogada e especialista em direitos humanos Sheila de Carvalho, o intuito é mostrar “o racismo escancarado que existe dentro da empresa”. A razão dessa representação tem relação com o histórico de violências raciais que acontecem no Metrô diariamente”, destaca a advogada, que representa as duas organizações.

“Temos que ressaltar que é uma concessionária pública. Para além de ser uma empresa que presta serviços, ela é uma empresa que tem um caráter social muito forte. E a gente tem visto cenas reiteradas de violência e desrespeito fundadas no racismo que acontecem diariamente nas estações do Metrô. Dá para ver um claro despreparo dos agentes de segurança para lidarem com situações dentro desse serviço público que poderiam ser solucionadas de outra forma. Para além disso, escancara o racismo que ainda perpetua nas abordagens violentas normalmente feitas pelos agentes e direcionadas a pessoas negras, em uma violência descabida e desproporcional”, explica.

Reconhecimento e mudança

Além da denúncia feita pelas organizações, o deputado estadual Emidio de Souza (PT) solicitou o afastamento imediato dos dois seguranças enquanto durarem as investigações. Por meio da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana da Assembleia Legislativa, na qual é presidente, ele também cobrou explicações do presidente da companhia.

De acordo com Sheila de Carvalho, as instituições não podem “deixar passar mais uma violência cometida contra o povo preto dentro das estações”.

“Há duas expectativas em relação a esta representação. A primeira é que sejam responsabilizados por sua conduta os agentes que cometeram racismo e lesão corporal. Segundo, nossa expectativa também é que se mude os protocolos de ação no Metrô. Queremos fazer com que o governo de São Paulo exija que a sua concessionária esteja de acordo com parâmetros mínimos de respeito à dignidade da pessoa humana, de direitos humanos e de enfrentamento ao racismo. É extremamente importante uma consciência por parte do Metrô e do governo de que as políticas que estão sendo executadas hoje precisam ser alteradas.”

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