ABC Paulista

Mães protestam contra fechamento de creche em São Bernardo

Manifestação realizada nessa terça-feira denuncia o encerramento das atividades da creche Professora Lóide Ungaretti Torres pela prefeitura de São Bernardo

Lucas Barbosa/Divulgação
Lucas Barbosa/Divulgação
Propostas da prefeitura não atendem às reivindicações das famílias

São Paulo – Um grupo de mães indignadas e o Movimento de Mulheres Olga Benario realizaram manifestação ontem (31), denunciando o fechamento da creche Professora Lóide Ungaretti Torres pela prefeitura de São Bernardo, no ABC Ppaulista. O ato teve início por volta das 16h, em frente à creche e contou com a participação de mães atendidas pela unidade, moradoras do bairro e movimentos sociais.

A principal reivindicação é o cancelamento imediato do fechamento da creche, anunciada no meio do ano à comunidade escolar pela prefeitura. As mães pediram também respeito ao direito das crianças, das famílias, e dos profissionais da creche, que serão prejudicadas pela chamada “paralisação” dos serviços da creche, prevista para janeiro. 

Segundo a prefeitura, a proposta é transformar o prédio em um anexo da EMEB Senador Teotônio Vilela, que fica do outro lado da rua, onde as crianças iriam para continuar a educação a partir da pré-escola ou do ensino fundamental, mas isso não justifica fechar uma creche cuja lista de espera é quase metade da de crianças matriculadas e que por volta do ano de 2010 recebeu a visita técnica da prefeitura para elaborar um projeto de expansão do prédio e aumentar sua capacidade e qualidade de atendimento da população.

O dito projeto foi aprovado e apresentado para responsáveis da administração da escola, mas foi arquivado na prefeitura. Desde então, nenhuma licitação foi aberta para iniciar as obras, tampouco, nenhuma explicação foi dada.

Segundo a prefeitura ainda, enquanto as obras não são iniciadas, está previsto o fechamento da creche a partir do ano que vem. Os funcionários serão realocados para outras escolas e as crianças passarão a receber atendimento na Emeb Rosa de Pacce dos Santos. Foi prometido transporte para as crianças, mas famílias dos bairros do Montanhão e Cooperativa, que usam este serviço, já reclamaram de atrasos e precariedade do transporte. Ou seja, essa solução não resolve a vida das mães e das crianças.

A Emeb Professora Lóide Ungaretti Torres está em funcionamento desde os anos 1990. Já atendeu 1.748 famílias que moram no Divinéia, garantindo às 46 crianças matriculadas direitos como alimentação, segurança e educação.

Vínculos

Uma mãe, que prefere não se identificar por medo de retaliações, conta a respeito de seu filho “ele ama os professores”. Moradora do Divinéia, a criança começou a frequentar a creche há pouco tempo e já criou vínculos com os funcionários. 

Isso prova que não se trata só de um local de suporte às mães e de ensino às crianças, trata-se de um lugar de acolhimento, desenvolvimento de laços e formação de cidadãos que precisam ser providos de carinho, cuidado e segurança e afeto enquanto a mãe precisa trabalhar fora, muitas vezes como única geradora de renda. 

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Segundo o relato desta mãe, diversas autoridades e parlamentares foram acionados, mas nenhuma resposta foi dada. A mãe complementa: “Por que eles querem parar os serviços? Será que manter a creche aberta não seria ‘lutar pelas mulheres?’ Afinal de contas, por que então não melhorar as condições da creche? Por que não assistir melhor os profissionais, as famílias e as crianças que já possuem sentimentos de carinho e afeto pelo trabalho exemplar feito pelas pessoas da creche? Essa creche é ótima, é referência. Fechar para quê?”