redes sociais

Deputados paulistas investigam abusos contra jovens mulheres na internet

Google e Facebook faltaram a sessão da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia em que deveriam explicar a recusa em retirar conteúdos denunciados da série 'Top 10'

CC

Por humilhação e vergonha, algumas garotas chegaram a tentar o suicídio

São Paulo – O caso de meninas da região do Grajaú, zona sul de São Paulo, expostas nas redes sociais por meio de vídeos chamados “Top 10”, que contêm fotos e frases abusivas e de conteúdo sexual, foi tema da audiência pública realizada ontem (10) pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo. Pela humilhação decorrente da exposição, algumas vítimas chegam a tentar o suicídio.

Convidados a participar da reunião e prestar esclarecimentos sobre o motivo dos conteúdos, não serem retirados do ar após denúncias, representantes das empresas Google e Facebook se recusaram a comparecer. Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Carlos Bezerra (PSDB), a ausência das empresas é “eloquente”.

“Tem gente tentando se matar por causa dessa exposição. Não é possível que o Facebook e o Google simplesmente virem as costas para o cidadão brasileiro, tratando o Brasil como um país de segunda classe”, indignou-se o deputado, ressaltando que, em seu país de origem, as empresas são obrigadas a respeitar rígidas normas de privacidade. Bezerra disse ainda que estuda a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para identificar os autores dos vídeos e a responsabilidade das duas gigantes da internet.

A professora Erica Santana, integrante do coletivo Mulheres na Luta, que no mês passado realizou um ‘grafitaço’ feminista para apagar nomes de meninas expostas em muros da comunidade Castro Alves, no Grajaú, conta que foi na escola que tomou conhecimento dos casos.

“É muito popular, no meio dos adolescentes, o ‘Top 10′”, afirmou a professora. Ela acredita que a educação pública não está preparada para lidar com temas como a sexualidade e a privacidade.

A Comissão de Direitos Humanos vai encaminhar ofícios de notificação dos casos às secretarias estaduais da Educação e da Saúde, solicitando que os órgãos capacitem profissionais para trabalhar com as adolescentes da região.

Confira a reportagem completa de Camila Salmazio para a Rádio Brasil Atual: