Campanha arrecada roupas íntimas e absorventes para detentas

Pastoral Carcerária afirma que mulheres não recebem itens necessários para higiene pessoal

São Paulo – O Grupo de Estudos e Trabalho Mulheres Encarceradas, da Pastoral Carcerária de São Paulo, está desenvolvendo a campanha “Estou presa, continuo mulher”, que tem por objetivo arrecadar roupas íntimas para mulheres encarceradas, além de absorvente. As mulheres presas não recebem do governo Geraldo Alckmin (PSDB) itens básicos de higiene pessoal e roupas íntimas, explica Heide Cerneka, da Pastoral Carcerária de São Paulo. A campanha está sendo feita em em parceria com a Associação Juízes para a Democracia (AJD) e o Instituto Terra, Trabalho e Cidadania.

“O Estado dá muito pouco para as presas. Se a mulher fica presa durante dez, vinte anos, não recebe nenhuma roupa íntima. Isso sobrecarrega a família, e quem não tem família, fica sem”, disse à Rádio Brasil Atual. Segundo ela, a campanha deve ser encarada como solução provisória. “Queremos que o Estado assuma isso e que as mulheres tenham o que precisam.”

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo solicitou ao governo estadual dados sobre produtos de higiene, limpeza e vestuário entregues nas unidades prisionais. Pela Lei de Execução Penal, é obrigação do Estado promover o mínimo de higiene e bem estar às pessoas presas.

A defensoria procurava saber quando a Secretaria de Segurança Pública, que administra as cadeias públicas, e a Secretaria de Administração Penitenciária, que é responsável pela administração das penitenciárias e os Centros de detenção Provisória (CDPs), gastam com estes itens. “Ninguém está falando em luxo, mas é para as pessoas não serem tratadas como um bicho”, afirma Bruno Shimizu, coordenador do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria de São Paulo.

“A resposta aos nossos pedidos causou perplexidade, porque na verdade a situação é muito mais grave do que pensávamos. Há estabelecimentos em que o valor gastos era de pouco mais de seis reais anuais com assistência material, excluída a alimentação, por preso. As pessoas sobreviveram com seis reais o ano inteiro”. Ele explica que, por causa dos valores insuficientes, as famílias tem que ajudar no complemento da renda, muitas vezes comprometendo os gastos com os restantes dos familiares.  

Os postos de arrecadação da campanha estão listados no site da AJD

Ouça aqui a reportagem de Marilu Cabañas.