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No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, entidades pedem soltura de Assange

Diversas entidades de jornalistas brasileiros, Grupo de Puebla e parlamentares alemães pedem liberdade ao fundador do Wikileaks que revelou crimes de guerra dos Estados Unidos

Pablo Vergara/ MST
Pablo Vergara/ MST
“Conceder a cidadania a Julian Assange é dar cidadania à liberdade de imprensa, ao direito à informação e à verdade"

São Paulo – Diversas organizações de jornalistas, professores, estudantes e pesquisadores do Brasil divulgaram nesta terça-feira (3), Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, manifesto que denuncia a prisão e a ameaça de extradição de Julian Assange como uma ameaça à liberdade de imprensa em todo o mundo. O Grupo de Puebla e o Conselho Latino-Americano de Justiça e Democracia (Clajud) também cobraram dignidade e respeito aos direitos do fundador do Wikileaks. Além disso, 37 deputados alemães de quatro partidos diferentes, enviaram uma carta ao Parlamento Britânico em que alegam a extradição de Assange teria um “efeito arrepiante” para o jornalismo global.

A partir de 2010, Assange publicou centenas de milhares de documentos confidenciais que revelaram uma série de crimes de guerra cometidos pelas tropas dos Estados Unidos durante as guerras no Iraque e no Afeganistão.

O ativista enfrenta 18 acusações nos Estados Unidos, envolvendo espionagem, que podem resultar em 175 anos de prisão. Ele está preso há três anos em Belmarsh, em Londres. Assim, que foi preso, o então presidente Donald Trump requereu a sua extradição. Antes disso, ele ficou de 2012 até 2019 na Embaixada do Equador em Londres até ter seu asilo revogado pelo então presidente equatoriano Lenín Moreno.

No mês passado, um tribunal de Londres emitiu a ordem de extradição de Assange aos Estados Unidos. Em março, a Suprema Corte do Reino local negou recurso da defesa do ativista contra a possibilidade de extradição. A decisão agora está nas mãos da secretária britânica do Interior, Priti Patel. Os advogados já anunciaram que vão recorrer, caso ela decida entregar Assange aos norte-americanos.

Perseguição

Assange é “perseguido” e pode “perder a vida” se for enviado aos Estados Unidos, afirmam os jornalistas brasileiros. Isso porque ele “ousou dizer a verdade”. “Não falsificou os fatos, não omitiu, não distorceu, não mentiu nem enganou. Apenas cumpriu o dever de apurar a dura realidade deste nosso século XXI. Também não lhe faltou coragem para reportar o que descobriu.” A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), entidades acadêmicas e sindicatos de jornalistas em diversos estados, juntamente com a Assembleia Internacional dos Povos, assinam o documento.

Além disso, o manifesto afirma que os veículos da imprensa comercial brasileira “se omitem” em relação ao caso, em “atitude criminosa“, que favorece a condenação e a extradição de Assange. “Não podemos deixar que Assange, que cumpriu seu papel como jornalista, seja culpado por cumprir esse papel”. 

Do mesmo modo, o Grupo de Puebla e a Clajud destacam, em carta, que intelectuais e juristas, em todo o mundo, consideram o caso Assange como exemplo de “degradação político-jurídica”, em que “a exceção se converteu em regra”. Assim, está em jogo “não somente a atenção aos direitos individuais e a integridade física” do ativista. Mas também “a liberdade de expressão, o exercício profissional do jornalismo, o direito à informação”, dentre outros princípios.

Já os deputados alemães destacam o Conselho da Europa se manifestou contra a extradição de Assange, em 2020, e pediu sua libertação. Nesse sentido, de acordo com a revista Der Spiegel, esperam construir “pontes” com os parlamentares britânicos para evitar que o governo do Reino Unido envie o ativista aos Estados Unidos. Assinam o documento o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), Partido Democrático Liberal (FDP), os Verdes e A Esquerda (Die Linke).