Nesta terça

No Brasil e no exterior, atos cobram liberdade de Julian Assange, preso há quatro anos

Preso em Londres desde 2019, fundador do WikilLeaks aguarda extradição aos EUA, onde pode ser condenado a uma pena de 175 anos por expor crimes de guerra do país. Deputados e entidades brasileiras enviam carta a Biden pedindo retirada das acusações

Pablo Vergara/ MST
Pablo Vergara/ MST
Intitulada "Biden, retire as acusações!", a carta expressa a preocupação dos signatários com o precedente que a condenação do jornalista "criaria para a liberdade de expressão e de imprensa no mundo"

São Paulo – Entidades de jornalistas, movimentos populares e deputados progressistas vão entregar, na tarde desta terça-feira (11) na Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, uma carta endereçada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo a retirada das acusações de espionagem contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O jornalista está preso desde 2019, em Londres, aguardando possível extradição aos EUA, onde pode ser condenado a uma pena de até 175 anos por expor crimes de guerra do país.

Em 2010, Assange publicou aproximadamente 250 mil arquivos, entre fotos, vídeos e documentos do Pentágono, que revelaram crimes de guerra cometidos por militares estadunidenses no Iraque e Afeganistão. A apuração do jornalista apresentou documentos e evidências da existência de campos de tortura nestes países e contra detentos da prisão de Guantánamo, base militar dos Estados Unidos em Cuba.

Por meio da produção de Assange, chefes de Estado também descobriram que eram espionados por agências estadunidenses. Como a ex-presidenta Dilma Rousseff, que teve 29 linhas telefônicas oficiais grampeadas pela National Security Agency (NSA), a agência de segurança dos EUA.

Entrega da carta nesta terça

Desde então, o fundador do WikiLeaks passou a ser acusado por pelo menos 18 crimes relacionados à espionagem. Este dia 11 de abril marca a prisão do ativista australiano na Inglaterra, há exatamente quatro anos. Em mobilizações internacionais, a data ficou conhecida, contudo, como o Dia de Luta pela Libertação de Assange que, no Brasil, será cobrada no ato de entrega da carta, a partir das 13h30.

Intitulado “Biden, retire as acusações!”, o documento expressa a preocupação dos signatários com o precedente que a condenação do jornalista “criaria para a liberdade de expressão e de imprensa no mundo”. A carta adverte que Assange obedeceu “às práticas do jornalismo investigativo” ao revelar as atividades militares do país. Os movimentos e parlamentares do PT, PCdoB e Psol também denunciam que Assange é vítima de “perseguição”. A avaliação é que ele corre risco de ser submetido a um julgamento “injusto”.

O grupo alerta, por fim, que a própria legislação estadunidense e as normas que regem o direito internacional protegem o trabalho do jornalista. O pedido pela liberdade de Assange também é repetido em manifestações internacionais. Nesta terça, mais de 80 parlamentares australianos e britânicos pediram ao procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick B. Garland, a extinção do processo de extradição do fundador do WikiLeaks.

Campanha internacional pela liberdade

Em fevereiro deste ano, a Justiça do Equador declarou, por unanimidade, a inocência do ciberativista sueco Ola Bini. Amigo de Assange, Bini era acusado de ter acessado informações confidenciais. Ele foi preso no Equador, em 11 de agosto de 2019, simultaneamente à prisão de amigo, na embaixada equatoriana em Londres. A decisão da justiça fez aumentar a pressão contra extradição de Julian Assange para os Estados Unidos.

(*) Com informações do Brasil de Fato

Leia as versões da carta a Joe Biden pela libertação de Julian Assange

Carta Brasil Biden Assange Pt by redebrasilatual on Scribd

Carta Brasil Biden Assange En by redebrasilatual on Scribd