Justiça

Entidades, partidos e jornais reforçam apelo pela liberdade de Julian Assange

Jornalista australiano foi preso por expor crimes de guerra dos Estados Unidos. Pena pode chegar a 175 anos

WikkiCommons
WikkiCommons
Entre os nomes que defendem o fim da prisão política de Assange, está o do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva

São Paulo – A campanha internacional que pede a liberdade do jornalista australiano Julian Assange conseguiu apoios relevantes no Brasil. Delegação de integrantes do WikiLeaks esteve no Brasil na semana que passou e cumpriu uma extensa agenda de reuniões. Entre os nomes que defendem o fim da prisão política de Assange, está o do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Assembleia Internacional dos Povos (AIP) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) também manifestaram apoio à causa.

Assange, de 51 anos, está preso no Reino Unido desde 2019. Com situação de saúde frágil, o jornalista e ativista australiano está na iminência de extradição para os Estados Unidos. No país, ele deve cumprir pena de 175 anos de prisão em regime solitário. Isso porque divulgou informações sobre crimes de guerra cometidos pelo país no Iraque e Afeganistão. O jornalista apresentou documentos e evidências da existência de campos de tortura nestes países. As entidades brasileiras concordam que a perseguição não tem base legal e criminaliza o exercício livre da imprensa.

A delegação do WikiLeaks é formada por Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do projeto, e Joseph Farrell, editor e embaixador do WikiLeaks. A agenda incluiu compromissos no Brasil entre 25 e 30 de novembro. Agora, eles seguem para outros países da América Latina.

Liberdade de informação

“No contexto político da América Latina, a eleição de Lula no Brasil e de outros governos progressistas recém-eleitos como Chile, Peru e Colômbia podem ser contrapontos às forças fascistas na região e fortalecem a defesa de direitos como a liberdade de informação”, explica o integrante da AIP Giovani del Prete.

Ainda no Brasil, 100 parlamentares do Psol, PT, PCdoB e PV assinaram documento, em Brasília, de apoio à liberdade de Assange. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) também defendeu o jornalista e disse que “não há como lutar pela defesa do meio ambiente sem transparência e liberdade de informar”. No Rio de Janeiro, a agenda contou com um encontro com artistas e influenciadores na casa do cantor e compositor Caetano Veloso.

Agora, os representantes do WikiLeaks entregarão o documento ao presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, e à presidenta da Casa dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados) do país, a também democrata Nancy Pelosi.

Publicar não é crime

Em 28 de novembro, as publicações de Assange completaram 12 anos. Para marcar a data, os jornais The New York Times, dos Estados Unidos, The Guardian, da Inglaterra, Le Monde, da França, Der Spiegel, da Alemanha, e El País, da Espanha, publicaram uma carta aberta intitulada “Publicar não é crime“.

“Numa democracia, uma das missões fundamentais de uma imprensa independente é chamar os governos à responsabilidade. Obter e divulgar informação sigilosa é parte essencial do trabalho cotidiano dos jornalistas. Se esse trabalho for declarado criminoso, não apenas a qualidade do debate público, mas também nossas democracias serão significativamente enfraquecidas”, declaram os veículos.


Leia também


Últimas notícias