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Sottili anuncia duas novas casas para acolher imigrantes em São Paulo

Cidade conta com apenas 220 vagas, enquanto migração aumenta

Laura Daudén/Conectas.Org

Em 2014, chegaram ao Brasil, cerca de 4.680 haitianos. Neste ano, o número já passa de 1.200 pessoas

São Paulo – A secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da prefeitura de São Paulo irá se reunir hoje (27) em Brasília com representantes do Ministério Público com o objetivo de aprimorar as questões dos imigrantes no Brasil. A gestão Haddad prevê a construção de duas casas de acolhidas para receber novas pessoas.

Em entrevista para a repórter Anelize Moreira, da Rádio Brasil Atual, o secretário-adjunto de Direitos Humanos da capital paulista, Rogério Sottili, garantiu que a ampliação dos locais de acolhimento irão criar mais 200 vagas. “Desde o ano passado eu venho conversando com a secretária Luciana Temer, da Assistência Social, sobre a gente abrir um centro de acolhida na região do Pari (região central da cidade), porque tínhamos contato com irmãs com vocação para cuidar dos imigrantes, e agora abriu essa possibilidade para abrir essa casa. Estamos abrindo outro local, mas só para mulheres imigrantes, na região do Brás (também na área central).”

Michel Reniomi, um dos haitianos que está no Centro de Acolhida de Imigrantes, veio ao Brasil há dois meses, após passar pela República Dominicana, mas encontra as mesmas dificuldades aqui. “Tenho todos os documentos, porém é difícil conseguir trabalho. Tenho dois meses aqui, e muitos compatriotas não têm trabalho, passando por dificuldade, e ficando sem dinheiro para comprar um café da manhã.”

O imigrante também quer estudar e buscar condições de trazer a namorada que ficou no Haiti. “Preciso de um trabalho para poder alugar um quarto. E quero trazer minha namorada para construir minha família.”

Em 2014, por meio da Missão Paz, chegaram ao Brasil cerca de 4.680 haitianos. Neste ano, o número já passa de 1.200 pessoas.

Após quatro meses de interrupção, o governo do Acre, sem avisar a prefeitura paulistana, tornou a enviar ônibus fretados para haitianos viajarem a São Paulo. Segundo Sottili, não há problemas de trazer os imigrantes, mas a falta de contato prejudica na recepção. “Sabemos que o Acre está vivendo momentos difíceis com a chegada de tantos haitianos, e eles ficam sem condição de dar a atenção necessária, e não estamos cobrando do Acre nenhuma posição diferenciada. Mas não custava nada ligar para cá e avisar. Nós queremos receber todos os imigrantes de forma digna, e estamos preparados para isso. Não estamos lidando com coisas, mas sim com pessoas.”

O diretor da Missão Paz, o padre Paolo Parise, afirma que independentemente da falta de aviso, a prefeitura já deveria ter se organizado, pois a situação era previsível. “No ano passado, aconteceu um grande fluxo de abril a maio, por causa do fretamento dos ônibus do Acre. A partir disso, o processo é contínuo, só que ‘a nível midiático’ (sic) não se deu mais atenção, parecendo que havia sido resolvido, mas continuou. Tanto que, em outubro de 2014, voltamos a usar o salão para acolher as pessoas. Quando alguém diz que não sabia que iria acontecer, pois não foi avisado, nós avisamos desde aquele período que precisamos de espaço para as pessoas. Foram surpreendidos pelo fretamento, mas o fluxo migratório continua acontecendo.”

Atualmente, a cidade tem apenas 220 vagas para receber e atender os imigrantes, divididas em dois locais: a Casa do Imigrante, da Fundação Católica da Missão Paz, e o Centro de Referência Acolhida para Imigrantes, inaugurado no ano passado pela prefeitura.

O diretor diz que o problema que a cidade enfrenta é sério, porém a responsabilidade não é só do poder municipal. “Ano passado, diante desse fluxo, abriram um espaço emergencial,  um espaço para 115 pessoas. Para uma cidade como São Paulo, que tem cerca de 350 mil imigrantes, é muito pouco. A prefeitura não tem como fazer tudo sozinha, precisa de auxilio do governo federal, mas estamos diante de falta de lugares para acolher essas pessoas.”

Ouça a matéria de Anelize Moreira para a Rádio Brasil Atual.