Debate de valores

Próximo Fórum Mundial de Direitos Humanos será na Argentina, em 2017

Terceira edição do encontro será realizada em maio do ano que vem, em Buenos Aires. 'Nunca foi tão necessário para definir uma grande agenda e evitar retrocesso', diz secretário

Gerardo Lazzari/Arquivo RBA

Sottili acredita que agenda dos direitos humanos está sob forte ameaça no Brasil e no mundo

São Paulo – A terceira edição do Fórum Mundial de Direitos Humanos será realizada em maio de 2017, em Buenos Aires. A decisão saiu hoje (21), depois de uma reunião em Porto Alegre que reuniu representantes de Secretaria de Direitos Humanos da Argentina, da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Brasil e da Confederação Nacional dos Direitos Humanos do Marrocos, além do juiz espanhol Baltasar Garzón, entre outros. Para o secretário brasileiro Rogério Sottili, o evento “nunca se fez tão necessário para refletir e definir uma grande agenda de direitos humanos para não retroceder”.

Sottili acredita que o Brasil está “sob forte ameaça” de redução dessa agenda. “Isso não é diferente no mundo”, acrescenta. Segundo ele, os avanços obtidos nos últimos anos, desde a redemocratização, vêm acompanhados de reação de setores conservadores.  “É uma disputa mesmo. Há pessoas saindo do armário do ponto de vista de suas posições conservadoras, algumas fascistas””, diz o secretário, que participa de debates no Fórum Social Mundial, na capital gaúcha.

Ontem, por exemplo, ele esteve presente em uma mesa sobre democratização da mídia. “Os nossos meios de comunicação são constituintes da disputa política, porque têm lado, têm interesses”, afirma Sottili. “Temos de avançar no entendimento de que a informação é um direito essencial para o exercício da cidadania.” O secretário acredita que a informação “nunca esteve tão capturada por interesses econômicos e ideológicos como agora”. A reação conservadora à pauta de direitos humanos se reflete nos veículos de comunicação. Ele cita reportagens que considera tendenciosas a programas como o De Braços Abertos e o Transcidadania, da prefeitura paulistana.

O secretário avalia que o debate sobre direitos humanos está diretamente relacionado à democracia, com temas como migração, intolerância, xenofobia e homofobia. “O foco dos ataques que estamos sofrendo hoje no mundo todo, mas especialmente no Brasil, é a agenda de direitos humanos”, diz Sottili, para quem o tema acaba sendo “amplificado” pela mídia tradicional, por vezes de forma sensacionalista. “O que está no fundo dessa disputa? Valores, conceito de sociedade, a desconstrução de uma política mais humanizada.” Ele também destaca a importância da formação nas escolas. “As histórias são contadas pelos dominadores.”

O primeiro Fórum Mundial de Direitos Humanos foi realizado em 2013, no Brasil. No ano seguinte, o evento ocorreu em Marrocos. A terceira edição seria neste ano, mas se decidiu por 2017 pela recente mudança de governo na Argentina.