questionada por indígenas

Governo vai reforçar segurança para impedir novas ocupações em Belo Monte

Em reunião com etnias da região Amazônica, Gilberto Carvalho diz que usinas são importantes para o país e que obras não irão parar

Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Segundo Carvalho, governo não vai aceitar que obra de Belo Monte seja interrompida

São Paulo – O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse na noite de ontem (4) que o governo irá reforçar a segurança no canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte para impedir novas paralisações.

A declaração foi dada durante reunião com o grupo de mais de 140 índios que desde o dia 27 ocupavam o escritório central da obra. Eles querem a suspensão de todas as construções de hidrelétricas na região amazônica, até que seja regulamentado o processo de consulta prévia às comunidades tradicionais, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“A obra de Belo Monte já está a meio caminho andado. Ela é necessária para nós e nós vamos fazê-la, sim, sem dúvida nenhuma. Vamos aceitar todas as formas de protesto democrático, mas não vamos aceitar que ela seja interrompida”, disse Carvalho.

“Hoje pela manhã tomamos providências com a Força Nacional para que haja de fato um reforço na segurança para que os operários possam trabalhar e que os protestos sejam feitos de maneira democrática, mas não para tentar inviabilizar um empreendimento que é importantíssimo para a questão energética do país”, disse Carvalho. Desde que foram iniciadas, em junho de 2011, as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte tiveram 92 dias de paralisações.

Os índios que ocuparam o escritório do principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a 55 quilômetros de Altamira (PA), até a manhã de hoje, concordaram em deixar o local ontem para viajar a Brasília e se reunir com representantes do governo federal, mas avisaram que, caso não haja avanços nas negociações, voltariam a ocupar o canteiro de obras.

O grupo formado por índios de seis etnias pediu a suspensão dos estudos de viabilidade técnica da usina hidrelétrica do Rio Tapajós e das obras nos canteiros das usinas de Teles Pires, no Rio Teles Pires, e de Belo Monte, no Rio Xingu.

Para a liderança indígena Valdeni Munduruku, o governo está querendo intimidar os índios ao autorizar a entrada da Força Nacional em terras indígenas. “Nos queremos ser consultados, mas ao final da consulta a gente quer poder dizer não e que ele seja levado em conta. Não entendo como diálogo quando o governo coloca a Polícia Federal com armas na nossa cabeça. Para nós isso não é diálogo, é ameaça”, disse. “O objetivo do governo é claro, de construir essas obras. Eles têm os objetivos deles e nós temos o nosso, de que não queremos esses projetos”, declarou.

Os índios entregaram a Carvalho um documento apresentando 33 reivindicações.

Carvalho disse que o governo está disposto a manter diálogo permanente com os índios, mas que  não vai abrir mão dos projetos estratégicos. O ministro disse ainda que o governo “fará as correções necessárias para respeitar os direitos indígenas” e que vai seguir o que determina a Convenção 169 da OIT.

O ministro propôs uma visita no prazo de 20 dias a região do Rio Tapajós, onde o governo pretende instalar uma hidrelétrica, para tratar do processo de escuta e prometeu agilidade na demarcação de terras indígenas, maior assistência à saúde e educação e outras medidas compensatórias.

Ao final da reunião, os índios disseram que vão se reunir para deliberar até hoje (5) se aceitam a proposta do governo. “A gente já sabe que não teve nenhuma resposta para o que a gente reivindicava. A gente sabe que vai ter que se organizar novamente para conseguir os direitos nossos”, disse Valdeni Munduruku.

Com informações da Agência Brasil